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DDG, concentrado de proteína, deve ter aumento de exportação, diz consultoria

Nos últimos anos, o produto derivado do milho tem sido utilizado na alimentação bovina, principalmente em confinamentos

Em 2020, os grãos atingiram patamares recordes de preço e isso acabou por impulsionar a demanda por DDG, co-produto gerado a partir do etanol de milho e concentrado de proteína usado para ração animal. A consultorias Datagro projeta que o Brasil deva aumentar a exportação do produto.

A sigla DDG, em inglês, significa dry distillers grains, ou  grãos secos por destilação. É o resíduo do milho, depois de triturado, fermentado e transformado em etanol. Nos últimos anos, o DDG tem sido utilizado na alimentação bovina, principalmente em confinamentos. Em sua composição, há 40% de fibras, 80% de nutrientes, 8% de óleo e pelo menos 30% de proteína bruta, índice menor do que o do farelo de soja, que tem 45% de valor proteico, mas muito acima do que o farelo de milho, com 8% de proteína. Além disso, O DDG é em média 30% mais barato que o farelo de soja e não contém o amido que vem no farelo de milho.

“Se eu tenho uma dieta com muito milho, que é muito amido, isso traz riscos nutricionais. Quando a gente entra com esse DDG, que tem um perfil energético diferente, o amido eu usei na fermentação do álcool, então a fonte de energia que esse produto tem vem do óleo e esse óleo ajuda a não haver esses problemas”, disse o zootecnista Antonio José Neto

Segundo o zootecnista, para chegar a uma boa relação custo-benefício com o DDG, o pecuarista precisa levar em consideração alguns pontos importantes. “Qual a composição que ele tem do produto para saber se ele tem uma fonte de proteína ou de energia na dieta, além da  distância que eu vou ter que transportar, porque às vezes compensa eu levar um produto mais concentrado para diluir isso no frete”, completou.

Além do DDG, o processo de obtenção do etanol de milho gera também o WDG, sigla para wet distillers grains, ou grãos úmidos em destilação, que podem ser misturados ao volumoso para ajudar na ingestão do alimento. Enquanto o seco dura até um ano, o úmido tem validade de, no máximo, uma semana. Porém, os dois são muito importantes para as usinas de etanol de milho na agregação de valor.

“Ele representa, hoje, quase 50% do custo da matéria-prima para produzir etanol, aliado à geração do farelo de milho, do óleo de milho, da co-geração de energia. [Com isso] Conseguimos manter o setor crescendo e estável”, afirmou o presidente da  União Nacional do Etanol de Milho (Unem), Guilherme Nolasco.

Segundo Antonio José Neto, nos próximos três anos o Brasil vai produzir DDG suficiente para alimentar 100% do gado confinado no país.

“Até 2023 nós teríamos DDG para alimentar até 8 milhões de animais confinados, sendo que o Brasil abate 5 milhões de animais confinados. Então, atenderia todos os animais abatidos no Brasil. E claro que isso não vai acontecer, toda a dieta de proteína do Brasil ser atendida por DDG, mas isso mostra o potencial que existe”, disse.

Além de um mercado interno promissor, as usinas brasileiras já estão produzindo DDG para a exportação. “É um caminho sem volta, principalmente porque o que era considerado apenas um subproduto do milho vem se valorizando na mesma proporção que a matéria-prima, complementou o presidente da Datagro, Plínio Nastari.

Há alguns meses o produto estava cotado a R$ 500 a tonelada; hoje está em R$ 1.200. Segundo Nastari, já aconteceu embarque aqui no Brasil e isso deve se fortalecer no futuro.