Mercado e Cia

Boi gordo pode chegar perto de R$ 240 em SP no último trimestre, diz Safras

Isso se daria, segundo analista, pela combinação do mercado interno no auge e da continuidade da demanda forte por parte da China

O indicador do boi gordo Cepea/B3, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), rompeu o patamar de R$ 226 por arroba na terça, 28, e se manteve firme na quarta-feira, 29. Em 12 meses, representa alta de 48,4% e no ano de 2020, de 9,5%. O recorde atual do índice foi registrado em 29 de novembro do ano passado, a R$ 231,35.

De acordo com a Scot Consultoria, o boi padrão China já registra negócios ao redor de R$ 230 por arroba. A falta de bois terminados para abate e a alta demanda externa, sobretudo da China, têm sido os principais fatores apontados como impulso para os preços.

Novos recordes

O analista da consultoria Safras & Mercado Fernando Iglesias afirma o mercado tem sentido a pressão da oferta apertada de boiadas e já registra negócios a R$ 225 por arroba para o boi comum, em São Paulo. As escalas de abate permanecem encurtadas e é possível que nas próximas semanas os preços se aproximem de R$ 230, como já é o caso do Boi China também nas praças paulistas, segundo ele.

O analista pondera que na segunda quinzena de agosto está prevista a entrada de contratos a termo, o que pode gerar alguma recuperação da oferta e segurar os preços, mas na primeira quinzena a oferta permanecerá enxuta. Isso, somado a fatores sazonais de aumento do consumo, pode fazer o mercado se manter firme e com viés de alta.

Iglesias projeta que, no último trimestre de 2020, a China deve comprar bastante carne e o mercado doméstico deve atingir o auge da demanda. Ainda que a procura interna não atinja os patamares registrados no ano passado, a expectativa dele é de uma grande recuperação frente ao segundo trimestre de 2020, que foi bastante impactado pela pandemia. Essa conjunção de fatores pode levar a arroba do boi gordo inclusive a bater R$ 240 em algum momento do trimestre.

Longo prazo

Fernando Iglesias enxerga uma boa janela ainda para o setor de pecuária no Brasil nos próximos três anos em relação ao mercado externo. Ele lembra que o apetite chinês foi causado principalmente pela peste suína africana, mas que a China já está recompondo o rebanho de suínos e que a tendência é de recuperação até 2025 e 2026. Portanto, segundo Iglesias, é importante avaliar a evolução da doença no país asiático para traçar cenários para a carne bovina brasileira.