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Em encontro com Bolsonaro, indígenas pedem liberdade para produzir e linhas de crédito especiais

De acordo com líderes, o objetivo do grupo é conquistar "independência econômica"; movimento conta com a presença de cerca de 300 indígenas

Na manhã desta quinta-feira, 12, cerca de dez líderes indígenas de diferentes etnias foram recebidos no Palácio do Planalto pelo presidente Jair Bolsonaro. No encontro fora da agenda oficial, os indígenas manifestaram apoio ao governo de Bolsonaro e solicitaram apoio para a promoção de atividades agropecuárias e de mineração nas reservas.

O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier, o ministro de Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres e o chefe do gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Augusto Heleno também participaram da reunião.

Além das lideranças, cerca de 300 indígenas estão em Brasília para a defesa das pautas. “Queremos desenvolvimento, produções, queremos ser produtores, queremos mostrar nossa dignidade, a nossa honra e a nossa capacidade de ser índio trabalhador. Queremos também contribuir pro desenvolvimento do nosso país através da nossa terra, onde iremos produzir através das lavouras mecanizadas, assim como também a mineração dentro da terra indígena”, defendeu um líder xavante em fala aberta após a reunião.

De acordo com Marcelo Xavier, as lideranças indígenas ainda solicitam a simplificação do licenciamento ambiental, a criação de linhas de créditos especiais e manifestam apoio à aprovação do projeto de lei 490/2007. O projeto pretende tornar lei as 19 condicionantes estabelecidas pelo Supremo Tribunal Federal para demarcação de terras indígenas. A determinação destas condicionantes foi feita durante o julgamento do caso Raposa Serra do Sol em 2009.

Algumas etnias participantes do movimento já possuem cooperativas agrícolas em suas propriedades. É o caso dos Parecis com a cooperativa Copihanama e os xavantes com a Cooperativa de Sangradouro e Volta Grande. Porém, outros ainda aguardam apoio e incentivo para produzirem alimentos de forma comercial. Procurado pelo Canal Rural, o representante de agricultura dos povos Parecis, Arnaldo Zunizakae, explicou que, por habitarem terras da União, os indígenas não podem apresentar a propriedade como garantia de financiamentos rurais. Eles pedem a criação de uma linha cuja garantia esteja adaptada à realidade dos indígenas.

Após a reunião, Bolsonaro se dirigiu à Praça dos Três Poderes, localizada em frente ao Palácio do Planalto, para conversar com os indígenas que aguardavam o retorno das lideranças. Ovacionado, o presidente recebeu presentes e posou com cocares e outros objetos indígenas.

“É a independência de vocês, pra vocês fazerem dentro da terra de vocês o que o irmão fazendeiro faz na fazenda vizinha. É a liberdade, é a produção, é vocês cada vez mais crescerem e mostrarem seu valor ao país”, apoiou Bolsonaro.

Segundo o deputado federal Nelson Barbudo (PSL-MT), as lideranças tentam uma agenda com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, nesta quinta ou sexta-feira. Zunizakae confirmou a intenção de se reunir com Lira. O representante dos Parecis ainda citou que o grupo tentará se reunir com o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães.