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Brexit: Reino Unido pode comprar mais do Brasil mas logística será desafio

Segundo o ministro-conselheiro da embaixada brasileira no Reino Unido, Roberto Doring, exportadores brasileiros só sentirão mudanças significativas em 2021, porém, devem se preparar

A partir deste sábado, 1º, o Reino Unido oficialmente não faz mais parte da União Europeia. Apesar de ter concluído o Brexit, o bloco — formado por Escócia, Inglaterra, Irlanda do Norte e País de Gales — passará por um período de transição, que se estende até 31 de dezembro de 2020.

De acordo com o ministro-conselheiro da embaixada brasileira no Reino Unido, Roberto Doring, até lá, o Brasil não sofrerá nenhum impacto significativo, pois as regras que regem as relações comerciais do bloco serão mantidas.

Terminada a transição, exportadores terão que se adequar a novos regulamentos técnicos, regras aduaneiras, tarifas e desafios logísticos. “Parte das exportações do Brasil para o Reino Unido são encaminhadas por intermédio de portos do continente europeu. Com a concretização do acordo, não será mais tão simples. O exportador terá que lidar com possíveis custos adicionais ou tentar embarcar direto, precisando se preocupar se os portos britânicos estão preparados”, comenta.

Mas no horizonte pós-Brexit também podem ser vistas oportunidades, segundo Doring. O Reino Unido importa 50% de tudo o que consome em termos de alimentos e bebidas, e 60% disso é comprado do continente europeu. “Ninguém sabe como será o acordo negociado neste período, mas se significar uma redução no comércio entre continente e Reino Unido, serão abertos mercados que poderão ser ocupados por países como o Brasil, que são competitivos”, diz.

Para auxiliar exportadores brasileiro, a embaixada brasileira em Londres criou a plataforma “Brazil Brexit Watch”. “Ela sistematiza as informações disponíveis sobre os principais produtos vendidos para o Reino Unido, incluindo os agrícolas. Será permanentemente atualizada”, afirma Doring.