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Carnes não devem afetar inflação em janeiro, afirma Miguel Daoud

No entanto, de acordo com o comentarista, o aumento de benefícios sociais pode desequilibrar a relação de oferta e demanda, ainda que não muito

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice que mede a inflação oficial do Brasil, fechou 2019 em 4,31%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 10. A taxa é superior aos 3,75% observados em 2018 e à metade estipulada pelo Banco Central para este ano (4,25%).

O IBGE também indicou que, em dezembro, o IPCA ficou em 1,15%, maior resultado para o mês desde 2002. O aumento nos preços da carne puxaram o resultado no mês passado.

“O que aconteceu foi um choque de demanda vinda da Ásia, principalmente da Ásia, onde a peste suína africana destruiu parte do plantel. Apesar de 80% da produção de proteína ficar no mercado interno, o pouco que houve a demanda externa fez o preço subir 32% em dezembro”, diz o comentarista Miguel Daoud.

Segundo ele, fala-se que a alta na inflação pode interromper a sequência de cortes na Selic, mas o IPCA não deve continuar subindo. “A inflação é como um elástico. O preço sofre o choque e estica, só que não continua assim porque a demanda não tem condições de atender o preço. Então, não devemos ter impacto da carne na inflação em janeiro”, diz. O comentarista ressalta que, no entanto, não acredita que a taxa de juros tenha espaço para novas reduções.

Daoud, no entanto, alerta que o aumento no valor do Bolsa Família e da Previdência pode aquecer a demanda interna. “Como a inflação ocorre do desequilíbrio de oferta e demanda, se tivermos um aumento, ela pode ser pressionada. Mas não a ponto de fugir da metade”, diz.