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Crédito rural: ‘Sinais indicam que recompor subvenção não será tão fácil’

O Tesouro Nacional solicitou que instituições financeiras suspendam contratações com recursos do Plano Safra 2020/21 por conta da indefinição acerca do orçamento para o setor. Miguel Daoud acredita que solução pode não sair

O Tesouro Nacional pediu que as instituições financeiras suspendam as contratações de crédito rural, no Plano Safra 2020/21. A medida seria uma resposta à redução do orçamento deste ano para programas de subvenção ao financiamento agropecuário.

De acordo com o comentarista Ivan Wedekin, especialista em crédito rural, além de ter que pagar a equalização da temporada atual, o governo federal também paga negociações de safras anteriores, principalmente as operações de investimento, que são parceladas pelos produtores em até sete anos. “Se não tem orçamento, não dá para operar”, diz.

O governo já enviou um projeto de lei do Congresso Nacional (PLN) pedindo a recomposição dos recursos, mas não houve acordo até o momento para que ele seja aprovado. Dessa forma, o Tesouro Nacional optou por se resguardar.

Para o comentarista Miguel Daoud, os sinais são claros: recuperar o dinheiro para a equalização do crédito rural não será uma tarefa fácil. “Há dois meses os bancos estavam reclamando que eles teriam que parar de emprestar porque não estava definido o Orçamento. Os bancos já estavam segurando porque não teria cobertura de recursos”, diz.

Wedekin afirma que é necessário desatar o nó político deste ano e do próximo, para que a agropecuária volte a ter recursos para equalização. “A agricultura é muito barata, e já está muito ajustada. Não pode colocar uma agricultura enxuta numa clínica de emagrecimento, não pode faltar recurso”.

O especialista em crédito rural defende que o produtor precisa procurar outras fontes de financiamento ou colocar mais recursos próprios, pelo menos enquanto a situação perdurar. Já Miguel Daoud questiona o que o governo tem feito pelo produtor rural brasileiro: “O agricultor está colocando comida na mesa do brasileiro, mesmo sofrendo um impacto monstruoso nos custos de produção. Mas qual a reciprocidade?”