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Guedes: Retomada econômica só é possível com vacinação em massa

Apesar de reforçar que a vacinação deve ser voluntária, ministro ainda sugeriu que pessoas sem imunização não possam acessar espaços públicos com aglomeração, como shoppings e cinemas

Em coletiva de imprensa virtual nesta sexta-feira, 18, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a retomada econômica do Brasil só será possível com a vacinação em massa contra a Covid-19. Ele comparou o país a um pássaro para dizer que a “para voltar a voar, ele precisa bater as duas asas. A asa da recuperação econômica e, ao mesmo tempo, a asa da saúde, da vacinação em massa”. Para Guedes, somente com a vacinação é que os brasileiros poderão retornar ao trabalho com segurança.

Questionado se ele mesmo tomará a vacina, já que o presidente Jair Bolsonaro anunciou que não fará uso do imunizante, o ministro disse preferir manter sigilo sobre sua decisão pessoal. Mesmo assim, Guedes mencionou que deve avaliar, em sua escolha, qual é a origem da vacina que será utilizada por “sociedades mais avançadas” na imunização de suas populações.

“Agora, eu como ministro tenho que dizer o seguinte: tem que ter vacina pra todo mundo, gratuita e de livre escolha de cada um. Se alguém não quiser tomar, ele tem o direito de não tomar. Agora, ele também não deve ir num cinema. Ele não tomou, [o vírus] pode estar inoculado, passando isso para os outros, ele tem que ter a circulação restrita.”, pontuou Guedes.

O ministro ainda disse gostar da ideia de se existir um “passaporte de imunização”. “Por exemplo, os shoppings poderiam oferecer assim, ‘você tá imunizado?’, ‘tô’, ‘você tomou a vacina?’, ‘tomei’, ‘ah, então pode entrar!’. Eu não sou especialista em saúde. Essa ideia do passaporte de imunização foi trazida por um amigo lá de fora que aparentemente está ajudando a desenvolver a ideia. No que eu puder ajudar eu faço”.

Com base em projeções de gastos, Guedes reforçou que os investimentos feitos com a vacinação em massa são menos da metade do que os feitos com pagamento de auxílio emergencial em um mês. Questionado sobre como o governo deve agir caso se confirme a existência de uma segunda onda da doença no país, o ministro afirmou que o “plano A” é haver a vacinação e o término do estado de calamidade pública no dia 31 de dezembro. Sem dar detalhes, ele ainda garantiu que o Executivo saberá agir diante de uma segunda onda.

Exportações

Ao comentar os resultados obtidos em 2020 na economia, Guedes ressaltou o resultado positivo das exportações nacionais que “caíram 6%, 4% no ano”. “As perdas que nós tivemos no Ocidente, nós compensamos na Ásia. Não foi só a China, não só a China e Japão. Nosso superávit com a Ásia cai de US$40 bilhões pra US$20 bilhões, o que significa que nós estamos exportando pra todo mundo”.

O ministro destacou o papel do agronegócio na balança comercial e mencionou que, para o futuro, o foco deve ser na agroindústria. “Nós queremos justamente aprofundar a agroindústria, de forma que nós aumentemos o valor adicionado e que nós comecemos a integração com as cadeias globais de valor. Nós estamos abandonados: a 8ª, 9ª economia do mundo em 120º lugar na fila de um mau ambiente pra se fazer negócios”.

Reformas

Para o líder econômico do governo, o coronavírus foi o responsável por atrapalhar o andamento de importantes agendas políticas como as reformas administrativa e tributária. Apesar de reforçar o desejo de que o Congresso Nacional encaminhe estas pautas, o ministro disse que não fará mais promessas sobre as aprovações.

Para Guedes, o Congresso tem sido pautado pelos interesses dos representantes de centro-esquerda. Desta forma, agendas liberais levadas pelo Executivo acabam sendo barradas antes mesmo de serem votadas. “Pode ser que realmente não consiga entregar algumas coisas e aí vou pedir desculpas. Não tenho problema.”, admitiu.