Mercado e Cia

Hong Kong: saiba como a lei criada por Trump afeta acordo com a China 

Nesta quarta-feira, 27, o presidente norte-americano, sancionou um projeto  de lei que apoia os manifestantes do país asiático, que passa por uma onda de protestos pró-democracia 

O presidente Donald Trump sancionou nesta quarta-feira, 27, um projeto de lei que apoia os manifestantes de Hong Kong, que iniciaram uma onda de protestos pró-democracia há cerca de seis meses, apesar de objeções da China. O texto assinado pelo presidente norte-americano foi aprovado na semana passada na Câmara dos Representantes e no Senado.

A legislação prevê que o secretário de estado americano se certifique, anualmente, que Hong Kong permaneça independente de Pequim e encarrega o presidente dos Estados Unidos a impor sanções a indivíduos que suprimam os direitos humanos no território semi autônomo.

O Ministério de Relações Exteriores da China criticou a assinatura das leis por Trump, afirmando, em comunicado, que esse movimento “interferiu seriamente nos assuntos internos da China e violou seriamente o direito internacional e as normas básicas das relações internacionais”.

“Os assuntos de Hong Kong são puramente internos da China. Nenhum governo ou poder estrangeiro tem o direito de intervir”, diz a nota. “Aconselhamos os Estados Unidos a não agir arbitrariamente, ou a China irá reagir resolutamente”.

Marcos Fava Neves, professor de agronegócios da Universidade de São Paulo e da Fundação Getúlio Vargas, explica que a atitude de Donald Trump pode colocar em risco o tão almejado acordo comercial entre os dois países.

‘Com essa atitude, o presidente norte-americano coloca em risco a trégua conquistada com a China. Isso porque, foram realizados dois movimentos, um que repudia as atitudes violentas da polícia chinesa e a segunda que é a exportação de armas para o país asiático. É um momento sensível, a China considera isso como interferência em questões internas, e isso torna-se um fator complicador para um futuro acordo’, diz.

Neves explica que Trump alegou que a medida era pra estimular o diálogo entre as partes, mas a China acredita que isso só serve para estimular os extremistas, que estão Hong Kong, criando um ambiente de instabilidade. ‘É claro, que tudo isso, não é bom para o cenário global em geral, porque se essa guerra ficar ainda mais acirrada, o comércio mundial e o crescimento será extremamente afetado’, afirma.

Agronegócio brasileiro 

Se para o cenário global, a disputa entre as duas potências pode ser prejudicial, para o agronegócio brasileiro, a medida pode beneficiar a posição do Brasil no mercado. “Isso pode ser bom porque pode postergar um possível acordo entre eles, e sabemos que a falta desse acordo beneficia o Brasil tanto na questão do mercado de grãos como o mercado de carnes’, explica Neves.