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Mercado mantém ‘pé atrás’ sobre acordo entre EUA e China, diz consultor

Representantes dos dois países estão reunidos em Washington e a expectativa é de que a fase 1 seja assinada nesta quarta-feira, 15

A comitiva chinesa liderada pelo vice-primeiro-ministro, Liu He, está em Washington para assinar a fase 1 do acordo comercial com os Estados Unidos. Representantes das duas potências econômicas devem se reunir nesta terça-feira, 14, para acertar os últimos detalhes do tratado. A oficialização está prevista para esta quarta-feira, 15, durante evento na Casa Branca.

A expectativa para conclusão da fase 1 vem desde o fim do ano passado. De acordo com o consultor da Cerealpar e AgroCulte Steven Cachia, o mercado está com um “pé atrás”. “Não se sabe os detalhes, se haverá mesmo compra de US$ 40 a US$ 50 bilhões em produtos agrícolas dos Estados Unidos pela China”, exemplifica.

O especialista afirma que caso este volume se confirme, será bastante significativo. “Os EUA nunca exportaram mais de US$ 30 bilhões em produtos agrícolas à China”, diz.

Cachia destaca que no caso específico da soja, há certo temor sobre os ganhos reais do acordo. “Sabemos que é um ano importante para os americanos por causa da eleição e sabemos como o [Donald] Trump se comporta diante da imprensa e do público quando há algum anúncio. Tem muita gente que acha que o acordo pode não ter um impacto no mercado, mas político”, afirma.

Para onde vão os preços com a assinatura do acordo?

De acordo com o consultor, se não houver surpresas ou se os detalhes não forem divulgados, a tendência é que o mercado firme morno. “Detalhes mais específicos podem dar suporte a algumas commodities determinadas”, diz.

Para Cachia, a China também deve fazer consideração no acordo, como dividir o valor de compras em mais anos.

“Voltando aos fundamentos, a entrada de uma possível safra recorde no Brasil pode limitar os ganhos caso a China não mostre que vai realmente comprar soja dos Estados Unidos”, frisa.

Perspectivas para as exportações

Caso a fase 1 seja mais diplomática do que comercial, o consultor acredita que a China deve continuar comprando forte do Brasil. Caso contrário, os contratos futuros na Bolsa de Chicago devem subir, o que também acabaria beneficiando os preços no país.

Steven Cachia reforça que a conjuntura geopolítica continua favorável ao Brasil, pois mantém o dólar firme, o que tem tornado a soja e o milho nacionais competitivos.

“Lembrando de outro ponto de fundamentos. A safra americana pode vir até 25 milhões de toneladas menor, o que abre oportunidade com outros compradores para o Brasil”, diz.

A China também esboça que está saindo da crise de peste suína africana. “A tendência é de que as compras de soja aumentem em até 16 meses. Eles estão comprando cerca de 80 milhões de toneladas, quando deveriam estar adquirindo mais de 100 milhões de toneladas”.