Mercado e Cia

Soja: China deve comprar apenas o necessário dos EUA até a chegada da safra brasileira

Para o sócio-diretor da MD Commodities, o encontro entre China e EUA que acontece neste mês, não deve passar de uma reunião para apenas monitorar o avanço do acordo

O representante comercial dos Estados Unidos, Robert Lightizer, e o vice-primeiro ministro chinês Liu He, devem realizar uma videoconferência no próximo dia 15 de agosto para avaliar a primeira fase do acordo comercial entre os dois países, segundo fontes ouvidas por veículos de notícias norte-americanos.

Nesta primeira fase, oficializada em janeiro deste ano, a China se comprometeu a aumentar as importações de produtos agrícolas dos Estados Unidos em US$ 200 bilhões em dois anos. Nesta terça-feira, 4, em entrevista ao canal Fox Business, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a minimizar o acordo e disse que não se sente mais da mesma forma em relação ao pacto feito com o país asiático.

Para o sócio-diretor da MD Commodities, Pedro Dejneka, o encontro não deve passar de uma reunião para apenas monitorar o avanço do acordo. “As compras chineses por produtos norte-americanos estão bem aquém de onde deveriam estar para atingir os níveis do acordo. Essa guerra fria entre os dois países não deve ser resolvida com a primeira fase do acordo”, explica ele.

O analista diz ainda que é pouco provável que todos os impasses entre as duas potências sejam resolvidos em breve. “Nós não acreditamos que esse acordo será cumprido, ainda mais agora, com o Trump batendo de frente com a China e próximo das eleições presidenciais nos EUA.”

“Em relação ao mercado, a China segue comprando um maior volume de soja dos EUA, porém muito disso está embutido nas estimativas do USDA e os chineses precisaram comprar muito mais soja para justificar um otimismo no mercado internacional de grãos.”

Demanda brasileira

O sócio-diretor da MD Commodities explica que o Brasil está sendo beneficiado quando o assunto é exportação do grão, e que esse cenário deve continuar positivo.

“Os chineses estão prontos para comprar a soja da nova safra brasileira que pode entrar no mercado em meados de janeiro de 2021. Então, os prêmios devem continuar se fortalecendo. Obviamente que os preços em Real no Brasil está se beneficiando com a combinação de prêmio e Câmbio. E também Chicago, que apesar de ainda não registrar US$ 10, ainda não está precificando o potencial da soja norte-americana, ou seja, Chicago ainda pode cair ainda mais. O prêmio no Brasil devem continuar forte até o fim de 2020, e o câmbio enquanto estiver acima de R$ 4,80 vai continuar sustentando os preços em praças locais”, enfatiza ele.

Comercialização antecipada

Dejneka ressalta ainda que neste momento cerca de 40% da próxima safra já foi comercializada, volume historicamente recorde. “ O produtor está sabendo aproveitar, principalmente nas vendas em Real.A demanda chinesa vai continuar muito forte e o Brasil deve continuar liderando as exportações o que irá sustentar os prêmios nos portos”.