Mercado e Cia

Veja qual a tendência para a arroba do boi gordo em fevereiro

Retorno das aulas, surto de coronavírus, oferta restrita de animais terminados e tudo o que pode mexer com o mercado no próximo mês

A arroba do boi gordo caiu 8,82% na parcial de janeiro, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). O indicador apontava negócios a R$ 193,25 na quarta-feira, 29. O analista de mercado Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, neste mês, os frigoríficos encontram as “condições necessárias” para pressionar as cotações.

“A demanda arrefeceu, o que é normal, porque o consumo não se mantém após as festividade de fim de ano. Janeiro é pautado por uma série de despesas para o consumidor médio”, afirma Iglesias.

Segundo o analista da Safras, o escoamento mais lento também se deve às exportações enfraquecidas, com a China menos atuante. “Isso deve acabar mudando nas próximas semanas e meses. A China ainda vive um quadro delicado de peste suína africana, o que gera necessidade de importação”, diz.

Para Iglesias, a desvalorização registrada na arroba do boi gordo deve perder força e a reação pode acontecer em breve. O presidente da Scot Consultoria, Alcides Torres, espera preços mais firmes em relação a janeiro. “Há o retorno das aulas do ensino básico e das universidades, teremos um consumo mais robusto em função disso”, diz.

Além do retorno das aulas, a diretora da Agrifatto, Lygia Pimentel, afirma que a oferta restrita de animais para abate também deve sustentar as cotações. “Apesar de estar chovendo e as pastagens estarem em boas condições, não deu tempo para o boi estar pronto. A chuva no ano passado demorou mais. Muitos pecuaristas também anteciparam o abate de animais para aproveitar as altas observadas em dezembro, de até R$ 10 por dia”, diz.

Já o comentarista Miguel Daoud diz que não confiaria na expectativa de demanda interna para traçar a tendência da arroba “diante das condições que estamos vivendo”. “Existe um pavor em relação a uma doença que está se espalhando pelo mundo [coronavírus], e o dólar alto está impactando nos custos das pessoas”.