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Daoud: Governo deveria focar na garantia de rentabilidade ao produtor

Comentarista falou sobre a expectativa da taxa de juros para o novo Plano Safra e como países produtores estão agindo para sair da crise provocada pelo novo coronavírus

A dois dias do lançamento do Plano Safra 2020/2021, em Brasília as articulações sobre o novo plano agrícola e pecuário continuam acontecendo. Nesta terça-feira, 16, o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), se reunirá com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para tratar de repasse de recursos. Na última sexta-feira, 12, Moreira e outros membros da frente se reuniram com o chefe da Economia por videoconferência. Na ocasião, a bancada do agro solicitou a Guedes a transferência de mais R$ 1 bilhão do Tesouro Nacional para a equalização de juros das linhas de investimento Moderagro e Moderfrota.

Para o comentarista Miguel Daoud, no entanto, esse valor não será de grande interesse ao produtor rural. “Não é um dinheiro para o produtor, e sim para incentivar a indústria de máquinas. Se esse R$ 1 bilhão a mais fosse para o seguro, o produtor poderia comemorar”, disse.

Na opinião dele, o debate feito no Brasil em torno do Plano Safra deveria ser outro, ainda mais em um ano como o de 2020, onde o mundo enfrenta uma pandemia. “Todo ano o Plano Safra é essa novela sobre juros, mas enquanto o produtor depender de juros, ele jamais vai conseguir evoluir. O ideal seria que tivesse a própria economia para financiar a safra, e digo isso porque sei que até o início do próximo ciclo em julho, o setor estará em uma situação pior do que está hoje. O produtor precisa é de garantia de preço”.

Segundo Miguel Daoud, o governo brasileiro deveria seguir ações de outras nações produtores e proteger seus produtos. “Austrália e Nova Zelândia são países liberais e eles estão até pagando avião para que os produtores de lá possam exportar. Nos EUA, estão jogando mais US$ 40 bilhões no produtor americano, e o algodão está tendo uma ajuda monumental. Na Europa, estão executando uma política agrícola que é de manter a garantia de preço, seja vendendo ou comprando os estoques. Aqui ainda estamos discutindo os juros”, comentou.