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'Desequilíbrio na demanda pode obrigar Brasil a comprar grãos dos EUA'

Segundo Miguel Daoud, dólar pode fechar o ano a R$ 6,50 e fortalecer ainda mais o movimento de exportação

O plantio da soja brasileira está iniciando em vários pontos do Brasil e a falta de chuva começa a preocupar com o atraso da safra 2020/2021.Sem soja em mãos, o produtor viu o mercado chinês dominar as compras nos últimos meses para formar estoque.

Para o comentarista Miguel Daoud, com boa parte da safra já comercializada, é possível que falte produto no mercado interno em janeiro. “O produtor brasileiro não tem soja nas mãos agora e o que estamos acompanhando é que os preços da soja e seus derivados estão subindo muito, assim como o milho. Eu diria que isso é resultado do apetite chinês e da desvalorização do real. Afinal, quando se tem uma moeda no patamar em que está há muito tempo, acaba perdendo a paridade de troca. Por isso perdemos a referência, deixando os produtos brasileiros muito barato para os importadores”, falou.

Com a expectativa do dólar chegar a R$ 6,50 no fim de 2020, as exportações podem ganhar ainda mais força. “O Brasil está com uma dificuldade fiscal muito grande e teremos milhões de brasileiros desempregados, gerando uma uma crise humanitária, já que os preços estão subindo demais. Isso acaba irradiando para toda a cadeia produtiva um custo de inflação”, disse.

Na visão de Miguel Daoud, o governo precisa tomar medidas para proteger a segurança alimentar do Brasil. “Hoje, o presidente Bolsonaro sinalizou ao mercado financeiro que vai olhar para o povo, então pode vir por aí tributação das nossas exportações, para que os produtos fiquem aqui, o que seria um tiro no pé. E a soja está faltando e, com essa seca dominando o Brasil, se o produtor não conseguir plantar logo, não teremos soja em janeiro e, para isso, teremos que importar dos EUA”, finalizou.