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RS: seca deixa produtores sem esperança e entidades pedem ajuda à ministra

Agricultores e pecuaristas sofrem com uma segunda estiagem no ano e clamam por recurso financeiro para recuperar a atividade

Créditos das imagens: Emerson Foguinho – SEAPDR Preocupadas com a situação que os agricultores e pecuaristas vivem diante de mais uma estiagem que assola o Rio Grande do Sul, a segunda em 2020, Fetag-RS, Farsul, Fecoagro, Emater e Famurs reuniram-se, através de videoconferência, com a ministra da Agricultura, Teresa Cristina, para entregar documento assinado pelas entidades com solicitações de ações que visam amenizar os prejuízos causados pela escassez de chuvas.

No documento, as entidades solicitam agilidade na emissão do Relatório de Comprovação de Perdas (RCP) – Proagro/Seguro Agrícola, ao agente financeiro, permitindo a implantação de outra cultura na mesma gleba; criação de linha crédito para custeio de milho emergencial, sem impacto no risco bancário e no limite de crédito para que seja possível implantar outro empreendimento; aumento da oferta de milho na modalidade ProVB/Conab (milho balcão), destinando ao Rio Grande do Sul pelo menos 100 mil toneladas; e o aumento do limite de consumo para bovino de leite de 60 kg/mês para 120 kg/mês no programa ProVB da Conab; e a implementação do auxílio emergencial referente ao coronavírus para os agricultores familiares, demanda encaminhada logo no início da pandemia, mas que foi negada pelo governo federal.  Teresa Cristina ouviu todos os pedidos e afirmou que “acompanha de perto a situação há alguns dias”. Ela solicitou dados mais atualizados a respeito da situação, que serão enviados pelas entidades em breve. Falou sobre as dificuldades para atender algumas, mas se dispôs a buscar alternativas. Sobre o milho balcão, a ministra garantiu que assunto será discutido para ele que chegue às regiões afetadas o mais breve possível. 

Segunda onda de estiagem

No início deste ano, 394 municípios decretaram situação de emergência por conta da estiagem do verão passado. A estação ainda nem começou nesta temporada, e 63 municípios já decretaram estado de emergência, por conta de falta de chuvas. Para a Defesa Civil do estado, o número tende a subir rapidamente nos próximos dias.

Lavoura afetada pela estiagem
Foto: Joel Dalcin/arquivo pessoal
A questão é que nessa seca tem uma diferença: a janela de plantio ainda tá em condição de ser replantado o processo, mas os produtores não tem mais recurso pra fazer um segundo plantio sem que receba a indenização da perda anterior e que se plante no mesmo solo. Isso tem uma legislação que impede, então nós vamos ter que fazer uma excepcionalidade disso e a ministra disse que não tem como resolver isso sozinha “, falou o deputado federal Alceu Moreira, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). “Tivemos alguns encaminhamentos, entre eles um grupo de trabalho que vai se reunir esta semana e a semana que vem pra ir trabalhando os pontos e também ficamos com a responsabilidade de levar dados sobre a área que houve o sinistro e que precisa ser reconduzido ao novo plantio da safra. Esses dados nós vamos estar coletando nos próximos dias e estaremos informando à ministra e esperamos que os pontos queas entidades colocaram à ministra, receptivamente, sejam atendidos pelo Ministério da Agricultura”, completou o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), Carlos Joel da Silva “Nós neste momento não temos como ter recurso que a decisão se prolongue. Ela precisa ser resolvida rapidamente antes que feche a janela de plantio. A de milho, por exemplo, vai até 10 ou 12 de dezembro e a de soja vai até dia 20 de dezembro. Se não resolver imediatamente, o remédio vai chegar depois que o doente morreu”, reforçou o presidente da FPA.

Falta de perspectiva

O produtor de leite Marcos Hengen, de Doutor Maurício Cardoso, diz que não sabe como vai fazer para alimentar as vacas. ” Muitos pés de milho estão mortos aqui. Eles seriam usados para silagem, para tratar o nosso gado de leite. Talvez muita gente não sabe, mas a gente tá ganhando um preço muito baixo pelo litro de leite, cerca de R$ 1,70 o litro de leite e estamos comprando ração a R$ 2,20 e agora não vamos ter pasto para tratar do nosso gado. Nós estamos trabalhando, não estamos roubando e nem fazendo nada ilegal, mas estamos pedindo ajuda pra ganhar um preço honesto pelo que estamos produzindo”, desabafou.