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Sem feiras agrícolas, pequenos e médios produtores sofrem prejuízo

A Fetag espera que o governo olhe com atenção para as agroindústrias familiares que dependiam desses eventos e crie uma linha de crédito

Diversos eventos agropecuários já anunciaram cancelamento com o aumento no número de casos do novo coronavírus nos últimos meses. Isso comprometeu uma das principais fontes de receita dos produtores rurais. Só no Rio Grande do Sul, cinco feiras agropecuárias já foram canceladas.

O produtor Vanderlei Paulo Bini é proprietário de uma agroindústria familiar de embutidos e lácteos em Não-Me-Toque (RS) e, com o cancelamento de feiras regionais, reduziu ainda o faturamento na propriedade.

Foto: Vanderlei Paulo Bini/ Arquivo Pessoal

“Podemos dizer com toda certeza que em torno de 50% a 60% da nossa receita anual provém dessas feiras regionais porque elas agregam ao nosso produto e põem volume de produção, visto que nosso município é pequeno, então o comércio não absorve tudo o que a gente tem de produção”, diz.

Cristian Weber, também sócio de uma agroindústria na mesma cidade, conta que busca caminhos para compensar a perda com a receita que tinha quando participava das feiras agropecuárias. “O faturamento de uma feira gira em torno de 50% do mês da nossa agroindústria. Conseguimos dobrar o faturamento do mês em uma semana, o que contribui e muito para a sobrevivência e manutenção da empresa”, diz.

Foto: Cristian Weber/ Arquivo Pessoal

A Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS) espera que o Ministério da Agricultura olhe com atenção para as agroindústrias familiares e aprove com urgência uma linha de financiamento para evitar o fechamento de postos de trabalho no campo.

“Sem a ocorrência desses eventos, as empresas precisam buscar a comercialização alternativa. Seja através do sistema digital ou por tele-entrega diretamente ao consumidor. Contudo, pela distâncias dessas agroindústrias e até mesmo pelo produto, esse tipo de serviço não é totalmente viável. Esperamos que o ministério seja sensível e crie essa linha que vai trazer um alento aos nossos agricultores”, diz Carlos Joel da Silva, presidente da Fetag-RS.

Em 2020, a Expodireto Cotrijal, uma das feiras mais importantes e tradicionais, faturou mais de R$ 2,6 milhões. Foi o maior resultado dos últimos cinco anos. Mas a pandemia mudou os planos, mesmo com o protocolo da Covid-19 aprovado pelo governo do estado.

“Em 2022, vamos voltar com muita força. Teremos um novo modelo, um modelo híbrido, presencial e também virtual. Queremos dizer aqui com sentimento, mas com responsabilidade, nós vamos realizar no próximo ano a melhor e maior Expodireto de todas já realizadas”, afirma Nei César Manica, presidente da Cotrijal.

Neste cenário de incertezas envolvendo as feiras agropecuárias pelo Brasil, o presidente da Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac), Leonardo Lamachia, diz que ideia é repetir o modelo de 2020 na Expointer, com animais de raças no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, com entrada limitada de tratadores e pecuaristas envolvidos com os julgamentos.

“Toda a programação como foi transmitida em 2020, será também transmitida pela plataforma em 2021. Nossa expectativa, inclusive, é melhorando a situação da pandemia, ampliar o número de participantes, quem sabe até teremos público externo podendo participar desta edição de 2021”, afirma Lamachia.

Para o coordenador da Comissão de Exposições e Feiras da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul, Francisco Schardong, as feiras de ovinos e terneiros estão acontecendo no estado com bons resultados e todos os cuidados necessários para evitar a Covid-19.

“A ovinocultura teve recuperação muito boa, já aconteceram três feiras grandes no Rio Grande do Sul, preços que mostram que a ovinocultura está em alta. Feiras voltadas à pecuária também estão acontecendo dentro dos protocolos estabelecidos com preços compensatórios, mostrando a recuperação do setor e um futuro promissor para a nossa pecuária nos próximos meses”, afirma Schardong.