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Soja: tensão entre EUA e China pode beneficiar Brasil

De acordo com diretor da ARC Mercosul, Matheus Pereira, o acordo entre os dois países não deve se concretizar este ano devido à crise

Os futuros de soja negociados na bolsa de Chicago chegaram a cair quase 2% durante o pregão desta segunda-feira, 4, com a retomada das tensões entre Estados Unidos e China.

Na semana passada, o presidente norte-americano, Donald Trump, responsabilizou o país pela propagação do novo coronavírus e disse que poderia impor novas tarifas ao gigante asiático. As acusações de Trump foram repetidas neste domingo, 3, pelo secretário de estado Mike Pompeo. Com isso, os investidores temem que a primeira fase do acordo comercial entre os dois países, assinado em janeiro, não seja concretizado.

A tensão entre os dois países impactará negativamente nas cotações da commodity, mas pode beneficiar as exportações brasileiras para o país asiático. De acordo com a consultoria ARC Mercosul, do total embarcado pelo Brasil em abril, 75% foi enviado à China.

Os embarques de soja em abril somaram aproximadamente 14 milhões de toneladas, sendo 10 para a China, conta o diretor da consultoria, Matheus Pereira. “Após sair da crise sanitária, eles adotaram a política de reestruturação de estoques estratégias. E claro, veem o produto brasileiro que não está só disponível em ótima qualidade, como tem preços interessantes para quem compra em dólar”, comenta. E para o próximo mês já é estimado uma exportação entre 6 e 8 toneladas para o país asiático.

Em relação ao acordo comercial entre o país norte-americano e China, Matheus explica que a parte um englobava outros setores, mas para a soja era superficial. “Já não era tão relevante para a soja americana, mas produtores rurais que tinham qualquer esperança de rentabilidade com uma possível fase dois, não vendo a concretização da fase um veem até mais distante a possibilidade de reaquecimento do mercado americano”, diz.

Segundo ele, não há sinal de que haverá um acordo real entre os dois países neste ano, por conta das crises sanitária e econômica e das eleições nos EUA.