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Tecnologia nuclear pode aumentar janela de comercialização do produtor

O governo federal estuda usar a técnica de ionização, que prolonga vida útil dos alimentos, em produtos vendidos nos mercados interno e externo

O governo federal está conversando com entidades científicas e setores da indústria para usar tecnologia nuclear no tratamento de alimentos comercializados no mercado interno e exportados. O objetivo é eliminar parasitas e retardar o amadurecimento dos produtos, prolongando a vida útil.

“O produtor pode se beneficiar da técnica para vender seu produto em uma janela de comercialização mais favorável”, afirma o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Murilo Freire.

As conversas são lideradas pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e começaram desde a publicação da resolução 16, de 24 de outubro de 2019, que criou um grupo técnico para discutir o tema. Uma segunda fase deve começar ainda neste ano e prevê a assinatura de acordos bilaterais em que a irradiação é a pré-condição para exportar produtos.

De acordo com Freire, o custo de implantação de uma unidade é muito alto e o produtor só conseguirá ter acesso de maneira agregada, associando-se a uma cooperativa. O pesquisador destaca que a técnica não altera as características sensoriais do alimento, garantindo segurança microbiológica. “Mas não é adequada para alimentos com alto teor de gordura, porque provoca oxidação. Então aquela gordurinha branquinha ficará marrom”, diz.

O especialista afirma que é necessário desmistificar o uso da técnica. “Irradiado não é radioativo. Ela [a radiação] passa e vai embora. Como quando vê TV e não sente”, diz.