Criação de rãs exige baixo investimento e dá retorno rápido

Mercado cresce gradativamente no país e pede atenção do governo para se desenvolverNo quadro Como Começar a Criar, do Jornal da Pecuária desta semana, veja como funciona uma criação de rãs. O investimento inicial é de apenas R$ 10 mil e o retorno vem em apenas seis meses.

Os iniciantes na produção de rãs não precisam investir alto. Para começar uma criação, basta um tanque para o desenvolvimento dos girinos e dez baias de crescimento em uma pequena área. 

A reportagem visitou o maior ranário do Estado de Goiás, com produção de cerca de uma tonelada e meia de carne de rã por mês. Cada quilo produzido tem custo estimado de R$ 21 e  pode ser vendido a um valor que varia entre R$ 32 e R$ 38 o quilo. No local, acontece todo o processo de produção, da reprodução até o abate em um frigorífico inspecionado pelo Ministério da Agricultura, que tem autorização para exportar o produto. 

O sucesso do empreendimento não é segredo: veio  do trabalho, dos conhecimentos técnicos e muito cuidado durante o manejo. O momento mais sensível da criação de rãs é a reprodução, porque requer um ambiente muito próximo ao habitat natural dos anfíbios e o mínimo de estresse possível. 
  
– Esse é um dos momentos mais sensíveis e sublimes, que é o momento da criação. Nós estamos com um casal, um macho e uma fêmea. Quando o macho coaxa, chamando as fêmeas, vem aquele monte de fêmeas, atraídas pelo seu coaxar, e aí ele escolhe a parceira com quem vai acasalar. Então, após o acasalamento, ela solta os ovos e ele também solta o esperma, que é em forma de espuma, que cobre os ovos. Esse é o momento da fecundação – explica o técnico da Emater de Goiás Francisco Cabral.

A coleta dos ovos deve ser precisa. Logo depois que eles são liberados pela fêmea, que expele cerca de 15 a 20 mil unidades por vez, o tempo para recolher o material é de cerca de 30 a 40 minutos – nem menos, para não atrapalhar a fecundação, nem mais, para que os ovos não afundem na água. Após a coleta, é hora de separá-los em bandejas e deixar cerca de cinco dias em uma estufa. É neste momento que os pequenos ovinhos se transformam em girinos.

– É só ter o cuidado para não evaporar a água e repor. Só isso. E em quatro, cinco dias vai para o tanque – diz Wendell Oliveira, auxiliar de produção.

Os girinos ficam nos tanques pequenos entre 15 e 20 dias e, em seguida, vão para os grandes tanques de crescimento. É lá que acontece o processo de metamorfose, onde a pequena calda se transforma, ao poucos, em patas.

– Esse momento é importante porque ele requer alguns cuidados técnicos. Uma quantidade boa, fluxo bom de água pra ter uma boa oxigenação. Alimentação tem que ser regrada, porque é um período que ele alimenta menos, porque inicia-se a metamorfose e diminui um pouco sua alimentação pelo fato que ele começa a se alimentar da calda dele, ele absorve a calda, então ele começa a diminuir o consumo de alimentação – ensina Lourivaldo Nogueira, sócio proprietário do ranário.

Quando estão maiores, as rãs ficam em baias coletivas com água e sombra. A alimentação durante a engorda é baseada em uma ração para peixes, já que ainda não existe no mercado uma alimentação específica para os anfíbios. Quando atingem cerca de 300 gramas é o momento do abate, feito após um jejum de, no mínimo, 60 horas, seguido de uma insensibilização das rãs em água extremamente gelada, quase congelante. Todo o processo de criação dura seis meses. Para o presidente da Associação Goiana dos Criadores de Rãs, a atividade ainda tem muito espaço para crescer.

– A ranicultura, de uma certa forma, vem crescendo gradativamente. Esse é um trabalho pioneiro que tem muita dificuldade, muitos entraves. O governo ainda não olhou para isso, não apostou – aposta o presidente, José Messias Sampaio.