O chifre utilizado como base para se fazer berrante está cada vez mais raro e a produção do instrumento mais tradicional para a condução de rebanhos pode estar com os dias contados. Com essa tradição em perigo, a profissão de quem produz berrante também corre risco.
Para mostrar como funciona a produção de um legítimo berrante, o Jornal da Pecuária acompanhou o trabalho do artesão André Ricardo Petruco, que mostrou o segredo para se ter um berrante considerado perfeito. “Não pode ter vazamento na “emenda” do berrante por que se tiver algum vazamento o som não vai sair como deveria, então é preciso ter muita atenção nessa hora para não prejudicar depois a qualidade do som. Já o bocal é feito da própria ponta do chifre que é maciço, a gente vem com um ‘torninho’ e finalizamos o bocal”, ensinou.
André está no ramo há mais de trinta anos e tudo começou com o pai dele, que deixou o interior de São Paulo e foi ganhar a vida como artesão no Triângulo Mineiro. A profissão, que está na família há três gerações, pode estar com os dias contados com a falta da matéria-prima, que triplicou de preço nos últimos anos, comprometendo a renda da atividade.
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“Antigamente, a gente pagava na faixa de R$ 5 o quilo do chifre e, hoje, nós estamos pagando R$ 15. É um trabalho todo artesanal e é por isso que a gente também precisar cobrar um pouco mais caro pelo produto na hora de vender”, disse.
Falta chifre
A falta de matéria-prima é reflexo de um processo que está acontecendo no campo. Ao longo dos anos, muitos pecuaristas decidiram realizar a descorna nos animais, que é a retirada dos chifres. De acordo com o zootecnista Alexandre Lúcio Bizinoto, a maioria dos animais são abatidos antes mesmo do crescimento dos chifres. “Essa precocidade que a gente busca através dos programas de melhoramento juntamente com os planos de nutrição e alimentação animal faz com que esses animais sejam abatidos a partir de 24 e 30 meses, e é nessa fase que os chifres estão com o crescimento acentuado, mas ainda não dá para fazer um berrante bonito”, disse.
Com a falta de chifres no mercado, o preço do berrante tem aumentado: os valores variam entre R$ 800 e R$ 2 mil. No entanto, para quem gosta das tradições sertanejas, ouvir este som não tem preço.
