Jornal da Pecuária

Rússia: exportação de carne bovina brasileira deve ser retomada

Embargo aos produtos brasileiros havia sido decretado no final de 2017, após entidades russas alegarem a presença de ractopamina nas carnes

carne com bandeira do Brasil
Foto: Pixabay

A exportação de carne bovina brasileira para a Rússia deve ser retomada, após um embargo decretado no final de 2017. Na época, o motivo alegado pelas entidades russas para a proibição seria a presença de ractopamina – substância proibida no país, destinada a estimular o metabolismo do animal e aumentar proporção de carne magra. O setor de pecuária de corte afirma que o Brasil já cumpriu as exigências de controle da substância, e deve oferecer vantagens comerciais aos russos para suspensão do embargo.

Antes da proibição, a Rússia era responsável pela compra de 10% da carne bovina brasileira exportada. A possível retomada do mercado representa um aumento da demanda, que já é dada como certa pelo setor após uma missão internacional brasileira e sinalizações positivas das autoridades russas. Segundo o presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Maurício Velloso, o sobrinho do presidente da Rússia já teria demonstrado interesse em retomar o comércio com o Brasil.

“Durante a AgroBrasília, estivemos com o adido comercial russo e um sobrinho do Putin que visitava o Brasil e nós tivemos a oportunidade de conversar muito. Eles comeram muita carne brasileira, com muita satisfação, e disseram que existe, sim, um interesse grande em reatar as relações comerciais das proteínas animais com o Brasil”, disse Velloso.

Apesar do otimismo do setor, ainda não há previsão para que o embargo termine. O impacto econômico na pecuária de corte brasileira também é desconhecido, já que vai depender da quantidade de plantas frigoríficas que vão receber permissão para as exportações. De acordo com Paulo Mustefaga, assessor de relações institucionais da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), apesar de as negociações já estarem concluídas, o Brasil ainda precisa adotar algumas medidas técnicas para suprir as necessidades da Rússia.

“Falta ainda a definição das plantas que vão exportar para a Rússia. As exigências que os russos vão fazer para reabilitar as plantas suspensas também precisam ser definidas. Mas, sem dúvida, é um volume muito expressivo e significativo, que vai ter um impacto para a rentabilidade da pecuária brasileira este ano”, afirma Mustefaga.

Na época do estabelecimento do embargo, foi especulado que a proibição da importação de carne suína e bovina do Brasil seria uma represália dos russos pela demora do Brasil em credenciar exportadores locais de trigo ou de pescado. No entanto, para Maurício Velloso, da Faeg, é preciso ter cautela com a retomada do mercado, já que os embargos podem ser utilizados para baratear os preços das novas importações.

“O mundo inteiro fica muito atento para qualquer fragilidade dentro dos nossos processos, para se utilizar dessas eventuais fragilidades como forma de começar uma negociação com preços mais baixos do que aqueles que estavam sendo praticados”.