Diversos

Veja o que é preciso para fazer um cavalo de corrida campeão

Investimento, conhecimento da raça e trabalho duro são algumas das receitas para conseguir sucesso no mundo das corridas de cavalos, que podem render prêmios de centenas de milhares de reais

Foto: Jockey Club de Sorocaba

O mercado do cavalo movimenta R$ 16 bilhões ao ano no Brasil, que possui o quarto maior plantel do mundo, com mais de 5,5 milhões de animais registrados de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Uma parte destes animais faz parte da elite do esporte mundial e uma das raças que mais se destacam em corridas é a quarto de milha, que recebe este nome justamente pelo destaque em corridas com esta distância.

Para formar um campeão, que pode ganhar prêmios que passam das centenas de milhares de reais é preciso conhecimento da raça, investimento e muita dedicação. O Canal Rural foi até um haras localizado no interior de São Paulo para ver mais de perto como é feito o treinamento e criação de cavalos que se destacam nas provas de corrida, como a égua Kiss Me For Me, considerada a fêmea mais rápida da raça nos anos de 2015 e 2016.

“A Kiss Me For Me é uma égua conhecida internacionalmente, foi a vencedora do torneio que envolvia apenas campeões da raça e ganhou mais de R$ 500 mil em prêmio. Hoje ela não compete mais, mas está caminhando para ser uma das maiores produtoras de embriões do Brasil e já tem filho dela sendo campeão em provas de corrida”, contou o criador Roberto Abdalla.

Segundo ele, além de escolher um cavalo com boa genética, é preciso muito trabalho e uma equipe preparada para formar um futuro campeão. “É preciso ter equipe profissional de alto gabarito e, com experiência adquirida, é possível chegar ao sucesso.”

Um dos profissionais citados por Roberto é o tratador Marcílio Silva, que tem um cuidado especial com o garanhão Genoma Lake WA, o mais novo campeão do haras. “Nosso trabalho começa às 4h30, antes do sol nascer. Fazemos a limpeza, escovamos o pelo e damos banho”, disse. O trabalho de Marcílio é complementado pelo treinador A. Marques, que trabalha a técnica do animal e transforma um cavalo comum em um atleta de alto rendimento, capaz de chegar aos 80 quilômetros por hora.

“Cada detalhe é importante em uma prova. No momento da largada, por exemplo, falamos até no ouvido do animal para que ele fique calmo e concentrado, pois essa é a hora mais importante da corrida, pois é ali que se ganha a carreira”, disse.

Mas, na hora da verdade, entra um terceiro personagem: o Jóquei. Ele é responsável por conduzir o cavalo e precisa preencher algumas características, como leveza e ser aceito pelo cavalo. “Não podemos largar mal ou a trabalhar o cavalo, fazendo tudo para que ele corra corretamente”, disse o jóquei J. Neto, conhecido como Foguinho.

Genética

Além das premiações recebidas em corridas, criadores de cavalos vencedores conseguem lucrar com a venda de sêmen e embriões que podem gerar outros campeões. De acordo com o criador Roberto Abdalla, com a comprovação de que um filho da égua Kiss Me For Me virou um vencedor de corridas, o valor do embrião se valorizou ainda mais, passando da casa dos R$ 100 mil.

Nos próximos quatro anos, a égua tem o potencial de produzir pelo menos 20 embriões e, fazendo uma conta simples, o lucro do proprietário do animal pode passar dos R$ 2 milhões neste período. Uma renda mensal de R$ 41,6 mil, se fossemos dividir a renda pelo período.

“Criar cavalos é uma atividade que dá muito prazer e, o melhor, ainda dá lucro para quem faz um trabalho bem feito, com um bom investimento e animais de qualidade. O que eu costumo dizer é que temos aqui uma fábrica de campeões”, concluiu Abdalla.