Mercado e Cia

Por que as carnes da ceia e do churrasco de fim de ano estão mais caras?

De acordo com a ABPA, as carnes sofreram um forte impacto do aumento dos preços dos insumos, como farelo de soja e milho

As exportações brasileiras de carne bovina devem encerrar 2020 com um novo recorde de volume e faturamento. No ano, foram 2,02 milhões de toneladas embarcadas, alta de quase 9% em relação a 2019. A receita chegou a US$ 8,53 bilhões, valor 11,8% acima do ano anterior. Os dados são da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). A proteína suína também registrou recorde de exportação. Pela primeira vez, o volume superou 1 milhão de toneladas.

Com a redução de oferta no mercado interno, os preços da carne bovina e suína aumentaram, em média, mais de 40% para o consumidor, o que tornará o churrasco do Réveillon mais salgado.

No Mercado Municipal de São Paulo, por exemplo, a picanha argentina beirava R$ 100 por quilo. “O jeito é comprar o que for mais barato”, diz o aposentado Tiago Aquino.

Mas o principal motivo da valorização das carnes são os insumos usados na criação dos animais. “O milho e o farelo de soja cresceram acima de 100% em comparação ao ano de 2019. Isso faz com que a gente tenha uma necessidade de repasse desses custos para continuar produzindo”, diz o diretor de mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Luís Rua.

O setor de aves foi o que mais sofreu com o aumento dos insumos. Como não houve um volume significativo na exportação, o avicultor dependeu muito do mercado interno e as margens ficaram apertadas.

Consequentemente, para o brasileiro, a carne de frango é a opção mais barata. O consumo per capita no Brasil aumentou de 43 para 45 quilos em 2020.

Carnes alternativas

Este ano, o brasileiro também mais peixe, o que beneficiou e surpreendeu o setor de pescados em meio à pandemia da Covid-19. “Nunca se vendeu tanto peixe congelado, por exemplo, no varejo. Isso se deve principalmente por conta do fechamento dos bares e restaurantes. O brasileiro perdeu o medo de consumir peixe congelado, o que é um grande ganho para a nossa indústria. A gente fecha esse ano com resultados no varejo de dois dígitos de crescimento na venda de pescados tanto congelados quanto frescos e projeta para o ano que vem um crescimento igual ou superior, porque realmente o consumo de pescado se consolidou no Brasil a partir desse ano pandêmico”, afirma Ricardo Torres, diretor da Seafood Brasil.

Já o preço do bacalhau e do salmão assustou o consumidor no fim deste ano, mas, nesses casos, a culpa é 100% do câmbio. “É o preço mais baixo desde 2003 em dólar, mas com o câmbio a quase R$ 6 como chegou este ano e agora estabilizou perto de R$ 5, a gente está com os preços muito altos em reais”, diz Torres.

Neste momento, o brasileiro deve optar por pescados nacionais, segundo o diretor da Seafood Brasil. “Escolheria o tambaqui como opção para a ceia, porque ele está em um preço muito bom e é muito versátil. Você pode fazer ele assado, pode fazer recheado com uma farofinha de banana que fica espetacular, pode fazer ele assado com batatas no forno, pode fazer ele na churrasqueira como costelinha de tambaqui ou a banda inteira. É uma opção muito democrática e saborosa de consumo de pescados nestas festas”, finaliza.