Dólar sobe 0,83% ante real por preocupações com Brasil e Grécia

Mercado está comprando dólares, enquanto seguem dúvidas sobre contração econômica e inflaçãoO dólar subiu quase 1% ante o real nesta quinta, dia 19, com investidores ainda mostrando preocupação com a economia brasileira e a crise em torno da dívida da Grécia, que novamente entrou em impasse com seus credores europeus após a Alemanha rejeitar seu pedido de extensão do resgate.

A moeda norte-americana subiu 0,83%, a R$ 2,8657 na venda, após avançar 0,38% na véspera. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 900 milhões de dólares.

– Na dúvida, o mercado tem comprado dólares. Como tanto aqui quanto lá fora têm sido fontes de incertezas, qualquer queda acaba se mostrando temporária – disse o operador de câmbio da corretora Intercam, Glauber Romano.

A perspectiva de contração econômica neste ano, combinada com inflação alta, tem sido um dos principais fatores por trás da escalada recente da divisa norte-americana. Alguns investidores temem um rebaixamento da classificação de risco brasileira, diminuindo a atratividade de ativos domésticos.

Além disso, o impasse em torno da dívida da Grécia, que também vem contribuindo para a alta do dólar, continuou gerando ruídos. O governo grego solicitou nesta quinta uma extensão de seis meses de seu programa de resgate, prometendo honrar suas dívidas e não tomar medidas unilaterais que afetem as metas fiscais. Mas o porta-voz do ministério das Finanças da Alemanha afirmou que a proposta não representa uma solução substancial.

– Mais do que tudo, o mercado quer clareza. Chegamos a um ponto em que o mercado ficou cético quanto à Grécia – disse o operador de uma corretora nacional.

Pela manhã, a alta do dólar chegou a ser limitada por expectativas menores de alta dos juros nos Estados Unidos. Na véspera, a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed) mostrou que integrantes do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) temem elevar os juros cedo demais, o que diminuiu as apostas de que o aperto monetário nos EUA pode ter início já em junho.

Mas parte desse alívio foi revertida nesta sessão por dados melhores que o esperado sobre os pedidos de auxílio-desemprego no mercado de trabalho norte-americano.

– O fato é que a economia norte-americana está em trajetória de recuperação. A comunicação do Fed gera um ajuste fino nas apostas, mas não há dúvidas de que não vai demorar muito para o aperto (monetário nos EUA) começar – disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.

Nesta manhã, o Banco Central brasileiro deu continuidade às intervenções diárias vendendo a oferta total de até dois mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares. Foram vendidos 800 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.200 para 1º de fevereiro de 2016, com volume correspondente a US$ 97,9 milhões.

O BC também vendeu a oferta integral de até 13 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em dois de março, equivalentes a US$ 10,438 bilhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 66% do lote total.

Bovespa 

A bolsa paulista reverteu perdas iniciais e conseguiu fechar perto da estabilidade nesta quinta, em um pregão com giro financeiro abaixo da média.

As ações de educação figuraram entre as maiores altas do Ibovespa, em meio a movimentos de cobertura de posição vendida e busca por barganhas, enquanto Petrobras e Vale passaram por realização de lucros.

O principal índice da Bovespa teve variação positiva de 0,03%, a 51.294 pontos. O volume financeiro da sessão ficou em apenas R$ 4,6 bilhões, abaixo da média do mês, de R$ 7,8 bilhões.