Mercado e Cia

Engenheiro agrônomo larga vida na cidade e vira produtor de leite orgânico

Priorizando a família e buscando qualidade de vida, Vinícius Soares transformou o sítio em uma oportunidade de negócio diferenciado

Em busca de qualidade de vida, um engenheiro agrônomo decidiu abandonar o trabalho na cidade e se tornar produtor de leite orgânico. Em entrevista ao Canal Rural, ele fala sobre como foi o planejamento, a transição e as oportunidades na atividade.

Vinícius Soares trabalhava em uma empresa de laticínios em Poços de Caldas, no sul de Minas Gerais, quando começou a se questionar sobre o futuro. Mesmo gostando um pouco do que fazia, ele não se via naquilo por mais dez anos.

“Todo mundo tem metas para o ano, e as nossas acabavam sendo suprimidas pelo trabalho. Isso acabou me sufocando e me trazendo para esta nova vida”, comenta.

Quando a qualidade de vida se tornou prioridade, ele começou a olhar para o sítio da família, antes usado apenas para passeios, como uma oportunidade de negócio. A ideia foi entrar no mercado de leite orgânico.

“Percebemos que havia viabilidade de estruturar um negócio com o tempo e fazer esta mudança. No início, a ideia era conciliar as duas coisas, mas com a pandemia [da Covid-19], viemos trabalhar em home office e acabamos adiantando a decisão”, conta.

Ele vê a migração de pessoas da cidade para o campo como uma tendência. “Tem muita gente vindo nesse sentido, a pandemia acelerou isso. Em sua maioria, são pessoas de até 40 anos que estão fazendo essa migração da cidade para o campo, e eles já vem com mentalidades como produzir com sustentabilidade e regenerando o solo”.

As novilhas do sítio devem começar a parir em maio deste ano, e o leite será orgânico. “A gente utiliza fertilizantes orgânicos permitidos pela legislação e várias outras alternativas que se tem de tecnologia de controle biológico de pragas para manejar o que se faz de comida. Produzimos silagem de milho em 2019 já com manejo orgânico, e tivemos produtividade razoável, de 30 toneladas por hectare”, conta.

Agora, a ideia de Soares é ir além do que a legislação exige, implantando um sistema silvipastoril, com pastejo rotacionado e irrigado. “A nossa escolha também veio por esse caminho. Tive contato com a produção orgânica no trabalho e há vários produtores pelo Brasil que nos auxiliam neste caminhar”, diz.