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Leite: nova rodada do auxílio emergencial não terá mesmo impacto

Pesquisadora do Cepea alerta que a alta dos custos de produção tem superado a valorização do produto, o que compromete a renda do produtor

O preço do leite pago ao produtor caiu neste trimestre, mas se mantém acima dos patamares observados no mesmo período do ano passado, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

Com a oferta de leite diminuindo aos poucos nos próximos meses, a tendência é que a Média Brasil para o primeiro semestre feche acima do primeiro semestre de 2020.

Porém, a pesquisadora Natália Grigol destaca que isso não significa que a rentabilidade no setor melhorou. Pelo contrário, segundo ela, a margem está mais apertada, pois os custos com insumos estão maiores.

“Os custos do produtor aumentaram quase 20% só para adquirir grãos para ração. É um cenário de preços altos [do leite], mas que não se reflete em rentabilidade. Muitos vão enfrentar dificuldades, sair da atividade ou abater vacas. Teremos problemas para recuperar produção no segundo semestre”, alerta.

A rentabilidade  do produtor de leite depende agora da demanda. No ano passado, o auxílio emergencial foi fundamental para manter o consumo, possibilitando uma reorganização da cadeia produtiva após anos de preços baixos. Agora, no entanto, a nova rodada do benefício abrangerá menos pessoas e terá um valor menor.

“O impacto neste ano será muito reduzido frente ao do ano passado. Ajuda? Claro que ajuda, mas não é uma situação confortável e não há garantias de repasse ao produtor de leite”, diz.