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Por que chuva segue forte no Sul mesmo sob efeito do La Niña?

As águas mais quentes na costa das regiões Sul e Sudeste têm colaborado para o aumento das instabilidades deixadas pelas frentes frias, destaca a meteorologia

A falta de chuva que prejudicou o desenvolvimento da safra de verão no Centro-Sul do Brasil agora vem em excesso na hora da colheita do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Na região gaúcha de Santa Maria, o acumulado chegou a 100 milímetros em 24 horas. Muitos se perguntam, mas se ainda temos o La Niña, que são as águas mais frias do oceano Pacífico equatorial, porque está chovendo tanto agora no Sul do Brasil? A explicação está em outro oceano: o Atlântico.

As águas mais quentes na costa das regiões Sul e Sudeste têm colaborado para o aumento das instabilidades deixadas pelas frentes frias. “Os sistemas são alimentados por estas águas mais quentes e justamente por isso tivemos volumes elevados de chuva na costa do Rio de Janeiro, com 900 milímetros em quatro dias”, diz Celso Oliveira”, meteorologista da Climatempo.

Segundo ele, são os oceanos que comandam grande parte do clima sobre a Terra e pautam o comportamento das estações do ano com fenômenos climáticos de grande escala, como El Niños e La Niñas. Além disso, não é só um oceano que dita o regime das chuvas em uma região. “Às vezes, mesmo sob o efeito de um La Niña, que normalmente favoreceria o regime de chuvas no Nordeste do Brasil, temos escassez de água por conta da temperatura do oceano Atlântico na costa do Nordeste como aconteceu no ano passado”, explica Celso. Segundo a previsão do tempo, neste momento, a chuva mais forte vai ficar concentrada entre o norte do Rio Grande do Sul e oeste de Santa Catarina.

Nesta quarta-feira (6), a chuva ganha força no leste paulista com o sistema de baixa pressão atmosférica mais definido na costa. Já choveu no interior de São Paulo com 60 milímetros nas últimas 24 horas, beneficiando lavouras de laranja e cana-de-açúcar, mas as instabilidades estão mais concentradas na faixa leste do estado onde o tempo fica nublado e com chuva a qualquer hora. No Vale do Ribeira e o Vale do Paraíba, assim como na região metropolitana de São Paulo e de Campinas, os acumulados previstos podem ser pontualmente elevados e a atenção fica voltada para a possibilidade de deslizamentos de terra.

O tempo fica firme no extremo norte paulista. As temperaturas seguem altas em todas as áreas. Ressalta-se, como o solo já se encontra bem encharcado devido às precipitações dos últimos dias, recomenda-se que os municípios mantenham atenção às áreas mais vulneráveis nesta terça e quarta, pois não são descartados riscos para transtornos.

Nos próximos dias, o tempo segue instável e com chuva a qualquer hora no norte do Rio Grande do Sul. Risco para temporais no leste de Santa Catarina e na costa norte do país. Chove fraco e passageiro no leste da Bahia e da Paraíba. No sul e leste do Rio Grande do Sul, o tempo fica firme e não chove também na região do Brasil central de Goiás, parte de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, norte de Minas Gerais e interior do Nordeste. Nestas áreas a umidade do solo já está diminuindo e prejudica o desenvolvimento do milho segunda safra.