Mercado e Cia

Preço do feijão sobe 93% em 30 dias, diz consultoria

No entanto, cotações não chegaram com tanta força ao produtor rural; entenda!

Com a corrida aos supermercados, por conta do avanço do coronavírus, a demanda por itens da cesta básica aumentou. De acordo com a consultoria Cogo –  Inteligência em Agronegócio, o feijão subiu 93,7% nos últimos 30 dias. Para o arroz, a alta foi de 4% e para o leite longa vida (UHT), 36,4%.

“Foi um comportamento comum do consumidor, de corrida aos supermercados e atacadões em busca de estocagem principalmente de itens da cesta básica como feijão, arroz, frango congelado, enlatados e frutas menos perecíveis”, explica o analista de mercado Carlos Cogo.

Apesar dessa disparada, os valores não chegaram com tanta intensidade ao produtor rural. A empresa ressalta que para o arroz, por exemplo, o preço subiu 4% ao agricultor e 9% no varejo. “Algumas cotações estão descasadas. Podemos esperar mais alta e depois acomodação porque o consumidor vai se dar conta que o varejo está abastecido”, diz.

Ele alerta ainda que o produtor deve ficar atento já que a população que está estocando alimentos agora deixará de comprar o produto depois. “Pode gerar um mercado invertido, de alta agora mas com possibilidade de depois cair”, adverte.

Trigo

O trigo também apresenta preços altos. A consultoria Cogo ressalta que os valores estão próximos de R$ 70 por saca, segundo maior patamar em termos reais e nominais.

Ele comenta que há uma dificuldade de recebimento do produto por conta do coronavírus. As retenciones (aumento dos impostos sobre exportação da Argentina) também dificulta o cenário de importação do produto.

“Diante disso, o produtor já está demonstrando intenção de aumentar a área plantada de trigo.”

Soja 

Já a soja é um produto que está se favorecendo com o cenário atual. A alta do dólar fez a cotação do grão atingir R$ 102 por saca no porto de Rio Grande (RS), maior valor da história. Em 30 dias, a alta já é de 14%.

“Essa é uma cultura que conseguiu incorporar a variação do dólar. Essa alta do câmbio foi totalmente repassada ao produtor”, diz Carlos Cogo.

Carnes

A pressão de alta pode ser boa para produtores de soja, mas é ruim para pecuaristas. Em 30 dias, a ração subiu 19%. O ponto positivo, analisa o especialista, é que algumas carnes conseguem repassar a alta ao consumidor, como a suína e bovina.

No entanto, setores mais internalizados, como leite e ovos, podem ter dificuldades de repasse do preço. “Milho e soja vão pesar no custo da proteínas no primeiro e segundo semestre deste ano”, projeta.

Leite

Para o setor de lácteos, o surto do coronavírus trouxe bons momentos para o leite UHT e em pó, com a população aumentando a demanda por estes produtos. Porém, houve uma queda na demanda de iogurtes e queijos. “A população começa a escolher certos produtos, deixando de comprar itens mais caros e de valor agregado”, explica.

Frutas, verduras e hortaliças

O setor de frutas, verduras e hortaliças é considerado o mais afetado pela crise do coronavírus. A consultoria projeta que este será o setor que mais vai sofrer ao longo do ano, junto com o sucroalcooleiro.

“Houve uma grande corrida aos supermercados e agora os pedidos de frutas, verduras e hortaliças começam a reduzir. O tomate, por exemplo, caiu 40% na última semana”, relata.