Mercado e Cia

Sem grandes mudanças, relatório USDA tirou ‘empolgação’ do mercado, diz consultoria

De acordo com a Pátria Agronegócio, mesmo com a redução dos estoques finais, o mercado não demorou para operar perto da estabilidade

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos reduziu as projeções para estoques globais de soja e milho. Com isso, os preços das commodities reagiram nesta quinta-feira, 10.

No caso da soja, o USDA manteve projeção de produção no Brasil em 133 milhões de toneladas. Nos Estados Unidos, houve manutenção da estimativa de 113,4 milhões de toneladas.

Já para os estoques do grão, o armazenamento no Brasil subiu de 20,6 milhões para 20,7 milhões de toneladas. Enquanto nos Estados Unidos, os estoques foram reduzidos de 5,1 milhões para 4,7 milhões de toneladas.

No recorte global, os estoques de soja caíram de mais de 86 milhões para 85,6 milhões de toneladas.

Milho

No caso do milho, o levantamento manteve estimativa de produção brasileira estável em relação ao mês passado, com 110 milhões de toneladas. Assim como para o país norte-americano, que teve a estimativa mantida em 368,5 milhões de toneladas.

Já os estoques do grão caíram de 7,99 milhões de toneladas para 7,49 milhões de toneladas no Brasil, enquanto nos Estados Unidos o armazenamento não foi alterado e ficou em 43,23 milhões de toneladas. Nos estoques mundiais, o USDA apontou queda de 291,43 milhões para 288,96 milhões de toneladas.

Impactos no mercado

De acordo com o analista da Pátria Agronegócio Cristiano Palavro, como os números estavam próximos ao esperado, mesmo com a redução dos estoques finais, o mercado não demorou para operar perto da estabilidade. “Hoje, o cenário foi de uma certa reagida na soja, mas os números de ontem não inspiram grande suporte positivo, já que sabemos o potencial da safra na América do Sul. As vendas norte-americanas para exportação também são robustas, o que pode limitar ainda mais a oferta do grão nos próximos meses nos Estados Unidos, então existe potencial para o médio prazo, mas esses números trouxeram uma calmaria no curto prazo por ficarem muito próximos das expectativas gerais dos operadores”, explica o analista.

“O relatório de dezembro não traz grandes inspirações para o mercado, por isso o USDA costuma ser conservador nestes números. Nós vimos isso também no relatório da Conab, que também trouxe um corte muito tímido para a safra brasileira. O mercado estava animado com a possibilidade de um corte maior, mas como isso não veio e deve vir só em janeiro, os preços resfriaram e voltaram a operar próximo da estabilidade.”

Projeções 

Para a safra de soja, a consultoria projeta um volume em torno 129,4 milhões de toneladas. “Sabemos que a safra não está uma maravilha em grande parte do país e que ainda é cedo para condenar a safra. Mas, o estabelecimento inicial foi dentro da melhor condição climática possível e já perdemos sim o potencial produtivo, então é possível que tenhamos novos cortes pela frente”, explica Palavro.

Câmbio 

Mesmo com o dólar registrando a menor cotação desde junho deste ano, Palavro explica que o mercado não vê mais aberturas para quedas ainda maiores. “Podemos sim ter um movimento de queda no curto prazo, onde o mercado procure um patamar abaixo de R$ 5, mas não acreditamos em uma reversão muito grande, porque existem grandes incertezas no equilíbrio fiscal brasileiro em 2021. Os preços da soja disponível caiu forte mas as negociações são muito limitadas no momento, porque a oferta é baixíssima no Brasil”.