Produtor rural que teve terra invadida por indígenas tenta há 9 anos recuperar parte da propriedade Paste this at the end of the tag in your AMP page, but only if missing and only once.

Diversos

Produtor rural que teve terra invadida por indígenas tenta há 9 anos recuperar parte da propriedade

No município de Guaíra (PR), produtor tenta na Justiça reaver parte da fazenda e até criou uma organização em defesa do direito de propriedade

Enquanto, em Brasília, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) debatem a definição de um marco temporal e o direito constitucional dos indígenas terem posse de áreas tradicionalmente ocupadas, produtores rurais de outras partes do país convivem com a insegurança jurídica e, em alguns casos, com invasões de suas terras. Em Guaíra (PR), o produtor Roberto Weber tem parte de sua propriedade ocupada por indígenas há nove anos. Ele e outros produtores da região, afetados pelas ocupações, chegaram a criar uma organização em defesa do direito de propriedade.

Ao dirigir pela propriedade de mais de 100 hectares, é possível ver casas entre as árvores. São estruturas de alvenaria que podem parecer construções feitas pelo proprietário da terra. Mas, de acordo com o dono da propriedade, o agricultor e pecuarista, os responsáveis pelas construções são os indígenas da etnia avá guarani, que há nove anos ocupam a terra dele.

“A invasão aconteceu em um fim de tarde. Eu estava até em outra cidade, numa consulta médica, me avisaram e eu voltei. Quando cheguei lá tinham 80 indivíduos adentrando a fazenda. E tinha uma grande reserva de 60 hectares de área fechada de mata e eles entraram nas pastagens e naquela mata, com carrinho de cavalo, moto, bicicleta. Na hora eu cheguei, eles tinham largado uns 5 caminhões de mudança e os caminhões tinham ido embora na beira da fazenda e tinha um pessoal cuidando deles. Alguns estavam armados de facão, porrete, flechas, arcos, lanças. Eu fui conversar com eles do porque eles estavam invadindo se a área era legal e não teve diálogo algum”, relata Weber.

O produtor conta que a propriedade é documentada e foi adquirida pelo pai dele em 1979. Um dia após a invasão, Weber e o seu advogado foram até a justiça federal e pediram a reintegração de posse, mas não tiveram sucesso. A ocupação passaria a ser analisada pela Fundação Nacional do Índio (Funai).

Em 2009, a Funai iniciou os estudos demarcatórios sobre a área ocupada pelos indígenas na propriedade de Roberto Weber e em outras 164 localizadas em duas cidades próximas, Terra Roxa e Altônia. foram realizados estudos antropológicos e uma área somada de 24 mil hectares chegou a ser delimitada como terra indígena tekoha guasu guavirá.

O produtor conta que chegou a levar o processo para a segunda instância, mas seguiu sem uma resolução do conflito. Apenas em fevereiro do ano passado que uma outra decisão da justiça trouxe um pouco de alívio a Weber.

“Um juiz de primeira instância, em vista das inúmeras fraudes que encontrou, deu um cancelamento desta situação. Optou por cancelar o estudo demarcatório que estava sendo feito em Guaíra e a Funai, em posse dessa decisão do juiz, cancelou todo o estudo demarcatório”, relata.

Porém, em maio, o ministro do STF Edson Fachin concedeu uma liminar suspendendo todos os processos de demarcação de terras e também reintegração de posse. Roberto Weber segue com a fazenda ocupada. Ele acusa os indígenas de matar animais da propriedade. O produtor diz que mais de 60 carcaças de bois e vacas foram encontradas retalhados próximo à ocupação.

“Eu tomo remédio desde aquela época para dormir, senão não consigo. Meu pai era um homem muito forte e trabalhador de 89 anos, desenvolveu uma diabetes descontrolada bem grave. Outros desenvolveram cânceres, diabetes, morreram, outros estão doentes. É uma situação de saúde mental grave” expõe o produtor rural.

Junto de outro 43 agropecuaristas, em 2013, Weber criou a Organização Nacional de Garantia ao Direito de Propriedade. Hoje, com mais de 500 membros, eles lutam pela segurança jurídica do tema.

“Até a fundação da ONG, eles haviam invadido 18 propriedades, entre públicas e privadas. Depois da criação da ONG, com a ajuda de prefeitura, da polícia militar e várias entidades civis, nós conseguimos reverter a situação em mais ou menos umas 10 invasões posteriores que poderiam ter acontecido. Mas daqueles 18 originais, muitas estão com pedido na justiça e nada foi revertido ainda”, diz Weber.

 

Sair da versão mobile