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Brasil rebate França após país criticar acordo entre União Europeia e Mercosul

Segundo os franceses, para entrar em vigor o acordo precisa de novas diretrizes ambientais por parte do Brasil; especialista diz que há interesses protecionistas nas alegações

O acordo comercial da união europeia com os países do Mercosul não deve entrar em vigor até que haja avanços nas normas de mudança climática, desmatamento e segurança alimentar. A declaração é do Ministério da Agricultura da França, mas não encontra respaldo no governo brasileiro, que afirma que o acordo não representa qualquer ameaça ao meio ambiente, à saúde humana e aos direitos sociais.

Esse é mais um episódio na disputa de narrativas envolvendo os governos de Brasil e França. Sobre esse assunto, Conversamos com o presidente da Comissão de Meio Ambiente da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil, Rodrigo Justus.

“O Brasil tem sofrido pressão não apenas da França, mas de todos os países que têm seus agricultores preocupados com a competitividade dos nossos produtos, tanto na qualidade como no preço. Esse episódio recente não nos surpreende, pois há uma pressão enorme de produtores franceses sobre o governo contra o acordo do Mercosul e outros acordos”, disse.

De acordo com Justus, há um aumento no protecionismo causado pela Covid-19. “O governo francês, politicamente, está se manifestando  contra um acordo, mesmo com dados que não têm base técnica, então o governo acaba recebendo aplausos de setores com os quais ele está impopular. Os ambientalistas, por sua vez, acreditam que tudo que nós fazemos aqui é com a destruição da Amazônia, mas isso não é verdade, pois temos 84% dela conservada e temos condição de aumentar a produção e produtividade sem avanços significativos no desmatamento”, completou.