Milho: início da colheita não anima produtor no RS

Chegada de produto importado e oscilação de preços desestimulam setor

Fonte: Divulgação/Embrapa

Foi dada a largada para o início da colheita de milho no Rio Grande do Sul. Mesmo com expectativa de volume perto das 5 milhões de toneladas, o clima não é de otimismo entre os agricultores. A chegada de produto importado e a oscilação de preço desestimulam e têm derrubado o setor nos últimos anos.

Dos 2.400 hectares do produtor Valdinei Donato, apenas 700 são destinados ao plantio de milho. E é assim na maior parte do estado. O número de produtores que investem na cultura caiu muito nos últimos sete anos.

“O Rio Grande do Sul tem mais de 5 milhões de hectares de área de produção de grão e utiliza apenas 800 mil hectares para milho. O ideal era que plantássemos em torno de 1,5 milhão de hectares de milho aqui”, diz Cláudio de Jesus, presidente da Associação dos Produtores de Milho do RS (Apromilho).

“A gente precisa conversar mais com os setores consumidores, setor de aves e suínos, porque isso não é bom nem para um lado nem pra outro. A gente vai ter uma rentabilidade melhor num ano, porém num outro ano eles pagam muito pouco, e nós temos esse problema. É Preciso encontrar um equilíbrio”, diz Donato.

Durante a abertura oficial da colheita do milho no Rio Grande do Sul, que aconteceu neste fim de semana, o estado disse que já está se articulando para evitar o efeito gangorra no preço do grão.

“Se nós tivermos esse entendimento, essa compreensão, essa busca do equilíbrio, nós teremos sem sombra de dúvidas no futuro, a longo prazo, uma situação que é favorável para ambos os lados”, diz o secretário de Turismo do RS, Ernani Polo.

Mas não é só isso. A entrada de milho importado também desanima o setor produtivo. “Isso não é bom, não protege nada nosso produtor aqui. A gente precisa equacionar isso de uma forma que, se tem que importar que importe, mas que ele não chegue nesse exato momento da colheita”, diz o produtor Donato.

Só que a indústria gaúcha diz que a importação é uma necessidade, já que o estado não é autossuficiente na produção de milho. Somente os setores de aves e suínos precisam de 120 mil toneladas por semana.

“A indústria não tinha na área de produção uma oferta de milho que nos garantia a entrega do produto agora que tem uma demanda semanal estimada. Em 2016 se estima que o Rio Grande do Sul teve a necessidade de adquirir em outras unidades da federação, ou importar, cerca de 2 milhões de toneladas”, diz Rogério Kerber, diretor executivo do Sips (Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos).

Para ele, em 2017 o déficit na relação oferta e demanda do estado vai ser de um milhão e 700 mil toneladas de milho: “Se nós não temos o produto aqui e se o produto alcança um preço fora da curva, é evidente que o mercado internacional passa a ser uma opção de suprimento”.