A presença de percevejos na soja tem se mostrado um desafio e tanto. Por enquanto, os produtores não podem contar com variedades resistentes aos ataques.
Isso porque existem entraves à biotecnologia que a ciência ainda não conseguiu romper, visto que as toxinas embutidas em sementes capazes de combater lagartas não são eficazes contra os insetos.
Contudo, o manejo integrado de pragas (MIP) é, comprovadamente, uma alternativa válida. E os números comprovam.
Redução de aplicações
Dados do Programa MIP-Soja, conduzido pela Embrapa Soja e pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), mostram que é possível reduzir em 50% o número de aplicações de inseticidas em lavouras da oleaginosa.
Assim, além de o agricultor conseguir diminuir os custos de produção com a aquisição de defensivos, também deixa de perder volume e qualidade de grãos na hora da venda.
Especificamente sobre o controle de percevejos, na safra 2017/18, por exemplo, o programa avaliou 196 lavouras com adoção de manejo integrado e outras 615 sem a prática, todas elas no Paraná.
O resultado: nas plantações com MIP, foi necessária apenas uma aplicação de inseticida para combater os percevejos. Já nas que não utilizavam as técnicas de manejo, duas entradas com produtos tiveram de ser feitas.
Nesta mesma temporada, a primeira aplicação de agroquímico foi realizada no 79º dia em lavouras com MIP. Já nas que não o adotavam, foi preciso adiantar a pulverização em 35 dias, ou seja, no 44º dia pós-plantio.
Média das últimas safras de soja
Ao observar a média das últimas seis safras (2017/18 a 2022/23), a lógica permanece. Assim, a média de entradas de produtos nessas plantações é de 0,9, enquanto nas lavouras sem manejo integrado de pragas, foram precisas 1,8.
Nessa série histórica, a que demonstrou maior diferença entre o número de aplicações de inseticidas foi, justamente, a última safra.
No ciclo 2022/23, quando 150 lavouras paranaenses com MIP e 443 sem o manejo foram avaliadas, as aplicações foram 66,2% menores, ou seja, em uma escala de 0,61 e 1,81, respectivamente.
Custo do controle
O programa idealizado por Embrapa Soja e IDR também contabiliza o custo necessário para aplicar inseticidas em lavouras que adotam o MIP e as que não o fazem.
Desta forma, notou-se que da safra 2017/18 até a 2022/23, os produtores que fazem o manejo de pragas desembolsaram 1,45 sacas de soja para adquirir os defensivos contra percevejos.
No mesmo período, os demais sojicultores gastaram 3,1 sacas para esse mesmo controle, o que representa acréscimo de 53,2% nos custos.
Produtividade de soja
Outro recorte desse período de seis safras é a produtividade obtida em lavouras de soja com e sem MIP.
Entre todas as plantações analisadas, o rendimento médio obtido por produtores que adotam o manejo integrado de pragas foi de 55,85 sacas, enquanto dos demais esse número ficou em 54,75 sacas.
É importante ressaltar que o Paraná sofreu perda significativa na temporada 2021/22 por conta da estiagem que castigou o Sul do país. Assim, o prejuízo de produtividade nas lavouras com e sem MIP ficou em torno de 52%.