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Aprosoja-MT pede que empresas aceitem negociar prazo para recebimento de soja

Com o atraso no plantio da soja por falta de chuvas, muitos produtores podem não ter o grão na mão na data certa para atender o contrato firmado. No caso do milho situação pode ser mais complicada

O atraso das chuvas está retardando o plantio da soja em Mato Grosso e deixando os agricultores apreensivos em relação a janela da segunda safra, com a possibilidade de replantio da soja, e também com o não cumprimento dos prazos de entrega dos grãos contratos. Pelo menos neste último quesito, a Aprosoja-MT está em conversas com as empresas, tentando uma flexibilização e revisão nas datas de recebimento dessa soja.

Em Campos de Júlio, região oeste do estado, algumas chuvas foram registradas nos últimos dias, mas insuficientes para garantir uma boa umidade no solo. Para piorar elas vieram acompanhadas de rajadas de ventos fortes, que destruíram instalações de energia e até galpões. Por lá, o atraso nas chuvas está trazendo muitas preocupações para quem já plantou, e corre o risco de ter que replantar e também para quem nem iniciou os trabalhos.

“Essa condição climática, infelizmente, afeta todos do município, tendo soja com área geminada já, áreas de soja plantada no pó e áreas correndo o risco de ter que fazer o replantio devido a falta de chuva”, diz o vice-presidente do Sindicato Rural de Campos de Júlio, Tiago Comiran.

Segundo estimativas do Sindicato, dos 220 mil hectares que devem ser plantados na safra 2020/2021, apenas 15% foram semeados até o momento. Ritmo bem abaixo em comparação ao mesmo período do ano passado, quando quase metade da área já tinha sido cultivada.

“Tivemos volumes de até 100 milímetros dependendo a região do município, e algumas outras que receberam no máximo 10 milímetros até o momento. Então a região no município demanda de volumes expressivos de chuvas para retomar os trabalhos normais”, diz Comiran.

Segundo o Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea), a semeadura da soja no estado atingiu 3% da área prevista para a safra 2020/2021 até o momento, valor inferior à média dos últimos cinco anos. Este atraso é o segundo maior já visto, ficando apenas atrás da safra 2010/2011, um cenário que segundo a Aprosoja-MT, pode comprometer a produtividade final da safra.

“O melhor período de plantio a gente já está perdendo. As melhores produtividades são naquelas áreas de soja implantadas até 25 de outubro, com comprometimento para 2% até 3 % dessas áreas. Quem tiver que fazer o replantio vai atrasar elas também. Isso com certeza compromete a produtividade, porque a soja quando entra no começo de novembro a produtividade é menor”, diz o ,presidente da Aprosoja-MT, Antônio Galvan.

Com a perspectiva quase certa de atrasos na semeadura e, consequentemente, na colheita, a Aprosoja-MT está pedido para as empresas que fecharam contratos de recebimento de grãos com os agricultores, sejam flexíveis quanto ao prazo.

“O produtor sempre tem uma expectativa. Uma média de áreas de plantio, de período de plantio, época de plantio. Esse ano está sendo bastante atípico e tudo vai atrasar. Agora não tem outra solução e tem que renegociar sim os prazos de entrega desses contratos, principalmente de soja. Infelizmente esses contratos de janeiro precisarão ser reajustados e as empresas têm que entender e ajudar”, afirma Antonio Galvan.

Isso também vale para a segunda safra, garante o presidente da Aprosoja, pois com atraso na colheita, o plantio será postergado ou nem realizado.

“Preocupa bastante o atraso para segunda safra. Os contratos que existem de milho. Essas áreas são passíveis de não serem plantadas ou, serão semeadas muito tarde , já em março e comprometer a produtividade. Então tem que ter um cuidado muito grande sobre essa situação”, garante Galvan.

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