Soja Brasil

Atraso das chuvas segura plantio da soja em parte do país; entenda o cenário

Presidentes das Aprosojas dão um panorama sobre quando os trabalhos de campo devem começar em cada estado

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Meteorologista da Somar explica os efeitos do La Niña sobre o regime de chuvas no Brasil. Foto: Canal Rural

Institutos internacionais de meteorologia apontam que a formação de um La Niña em 2020 é praticamente certa. E os efeitos do resfriamento das águas do oceano Pacífico já são sentidos, de acordo com o meteorologista da Somar Celso Oliveira, um dos painelistas da Abertura Nacional do Plantio da Soja, que aconteceu nesta quinta-feira, 24, em Capinópolis (MG). Por causa do fenômeno há uma demora para organização da umidade da Amazônia sobre o Centro-Norte do país. Além disso, as frentes frias não têm tido força para avançar e as chuvas mais significativas estão restritas ao Rio Grande do Sul.

Acontece que em boa parte do Brasil, o vazio sanitário da soja já acabou e os produtores aguardam o sinal verde do clima para plantar. Oliveira afirma que o cenário ainda pede cautela, pois apesar de a previsão do tempo indicar chuvas nos próximos dias em alguns estados, as precipitações só devem se regularizar na segunda semana de outubro.

É hora de plantar? Em São Paulo, segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja) local, a resposta é não. “Faço um apelo especial aos produtores, para não plantarem no pó e esperarem a hora certa e a boa reserva hídrica para largar as sementes, garantindo assim um bom início de plantio”, disse o presidente da entidade, Gustavo Chavaglia, durante a Abertura Nacional do Plantio da Soja.

Segundo ele, em áreas do estado onde choveu um pouco, alguns produtores estão arriscando, mas, no geral, as condições ainda não são favoráveis no estado. “Temos que ter a percepção de que é preciso ter umidade correta para o plantio da soja. Muitas vezes, o produtor pega uma chuva e sai plantando, mas a irregularidade traz prejuízos. Então não é só receber uma chuva e plantar, é preciso ter a previsibilidade de que outras virão para completar a boa condição das lavouras”, defende.

O presidente da Aprosoja de Mato Grosso, Antonio Galvan, afirma que todos os anos os produtores vivem uma “agonia” com o clima. “Ainda assim o produtor rural nunca desiste, está sempre otimista”, frisa.

Em Mato Grosso do Sul, as chuvas registradas nos últimos dias animaram os produtores. “Não foi muito abundante, mas tivemos pelo menos 20 milímetros em todo o estado. Estamos com o vazio sanitário vencido e com o aval da defesa sanitária para começar, então produtores estão esquentando os motores e algumas máquinas já estão em campo”, conta André Dobashi, presidente da Aprosoja MS.

O presidente da Aprosoja Goiás, Adriano Barzoto, afirma que o estado deve passar por um veranico nos dez primeiros dias de outubro, “mas a partir da segunda quinzena do mês, as chuvas retornarão e todos os produtores devem dar início [ao cultivo].”

O plantio também não começou no Maranhão, segundo o presidente da associação dos produtores de soja do estado, José Carlos Oliveira. “Mas está tudo pronto, esperando só as chuvas chegarem. Normalmente, começamos no dia 10 de outubro. Com o La Niña, nossa expectativa para esta safra é melhor, pois sempre que o fenômeno aconteceu, tivemos grandes produtividades”, diz.

Segundo o presidente da Aprosoja Bahia, Alan Juliani, o cultivo nas áreas irrigadas deve começar no 1º de outubro. No restante do estado, produtores aguardam as chuvas. “Tivemos esta noite uma garoa, mas nada significante. Mas nosso plantio acontece mais tarde, geralmente, entre final de outubro e início de novembro. Estamos aguardando com calma”, diz.

A expectativa do vice-presidente da Aprosoja Rondônia, Guilherme Teodoro, era que as chuvas chegassem mais cedo por conta do La Niña, mas isso não se concretizou e apenas alguns produtores do norte do estado conseguiram começar a plantar. “É um ano atípico. Geralmente, temos chuvas bem variadas em julho-agosto, mas este ano foi mais seco. Isso também facilitou as queimadas, que prejudicaram principalmente áreas de lavoura com palhada”, conta.

Santa Catarina vive uma pequena estiagem, segundo o presidente da Aprosoja local, Alexandre Di Domenico. Os agricultores estão aproveitando o clima firme para avançar com a safra de milho, que começou em setembro, mas sem tirar o olho no plantio da soja. “[O plantio] deve começar lá para o dia 5 de outubro em algumas regiões mais quentes. Dia 10 começa realmente a grande largada”, diz.

A situação no Paraná está um pouco mais complicada, afirma Márcio Bonesi, presidente da associação dos produtores de soja do estado. “Tivemos chuvas esparsas e o produtor começou o plantio, muitas vezes, no pó ou com umidade do solo não muito favorável. Ele está preocupado! Se a gente pensar que, no estado, o vazio sanitário terminou no dia 10 de setembro, já estamos atrasados. Então muitos estão arriscando”, conta.

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