Soja Brasil

Mapa libera plantio de soja em fevereiro em Mato Grosso

Decisão atendeu a antigo pleito da Aprosoja-MT. Instituto de pesquisa corrobora viabilidade da mudança

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) liberou o plantio de soja em fevereiro em Mato Grosso. A nova calendarização atende a reivindicação da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja-MT) do estado e passa a valer a partir da safra da oleaginosa 2021/2022.

“Isso corrige um problema que há muito tempo vinha sendo cobrado pelos produtores, que é a possibilidade de salvar a sua semente na melhor época. Então isso foi cerceado erroneamente com a calendarização até o dia 15 e agora essa portaria corrige e atende, de fato, a base. O governo do estado nos garantiu  que vai manter a portaria, então atende um pleito de muito tempo dos produtores de soja do nosso estado”, contou o presidente da Aprosoja-MT, Fernando Cadore.

Desta forma, com a norma estabelecida, o calendário de plantio de soja no estado pode ser realizado a partir de 16 de setembro, podendo seguir até 3 de fevereiro de 2022.

“Frisando que isso não quer dizer que o produtor vai fazer soja sobre soja, que vai fazer soja na safrinha. Muito pelo contrário, a orientação da própria entidade é que esse produtor que não podia fazer antes, faça 3,5% da sua área para salvar a sua semente sem ser soja sobre soja, mesmo que a regulamentação não diga, porque a gente  sabe que nós produtores vivemos da soja. Faça e colha em uma época que não tenha chuvas, respeitando o vazio sanitário também, que para nós é muito importante”, completou Cadore.

A mudança da data limite para o cultivo em Mato Grosso atende a um pedido da Aprosoja, que questiona o calendário imposto em 2015, que impedia o plantio da oleaginosa após o dia 31 de dezembro no estado. Segundo a entidade, a alteração não deve colocar em risco a sanidade da cultura, que se baseia em pesquisas realizadas sobre o tema.

Pesquisas em Mato Grosso

“Com relação às pesquisas científicas, nós conduzimos ensaios em várias regiões do estado do Mato Grosso com comprovação científica, métodos  estatísticos, repetições de trabalhos conduzidos em dezembro e trabalhos conduzidos e semeados em fevereiro. Então, não temos mais dúvidas dos resultados, que estão aí para quem quer ver, consultar, já estão publicados. Agora nós vamos fazer boletins para os produtores, mostrando essa viabilidade, então, nós, pesquisadores, que estamos dando essa assistência aos produtores, temos consciência plena que isso é viável e vai atender os anseios dos produtores, que é o mais importante. Então a viabilidade existe”, afirma Laércio Zambolim, pesquisador da Universidade de Viçosa (MG).

De acordo com o pesquisador Erlei Melo Reis, do Instituto Agris, durante três safras seguidas conduzindo experimentos nas propriedades dos produtores, comprovou-se em todas elas que no cultivo de dezembro a severidade da ferrugem foi maior.

“Em decorrência da maior intensidade da ferrugem, foram necessárias maior número de aplicações de fungicidas no comparativo com o cultivo de fevereiro. Encontramos nas três safras menor intensidade da ferrugem e, consequentemente, um menor número de fungicidas. Nós temos dois pontos importantes a destacar: o primeiro é a economicidade usando menos fungicidas. Nós vamos diminuir os custos e aumentar a lucratividade, mas o mais importante é que o número de fungicidas está diretamente envolvido com o desenvolvimento da resistência da ferrugem da soja, a doença mais temível a esses fungicidas. Demonstramos claramente durante as três safras que é vantajoso para o sistema de soja em Mato Grosso o seu cultivo em fevereiro”, declara Reis.