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Seca no plantio e chuva na colheita: Tocantins corre para salvar safra de soja

Produtores estão tentando acelerar a colheita do grão, contando até com a ajuda de vizinhos, para evitar que excesso de umidade traga ainda mais prejuízos

O excesso de chuvas está impedindo que os produtores de soja do Tocantins coloquem suas colheitadeiras em campo para iniciar os trabalhos de retirada do grão. Esse atraso para colher a soja já pronta está deixando muitos deles apreensivos, principalmente quanto a qualidade do grão.

O começo da safra de soja 2020/2021 do produtor Jarlos Bepler foi complicado, faltavam chuvas e o calor era muito forte. Ele conseguiu semear os 2.200 hectares que pretendia, mas na cabeça já tinha consciência que aquela não seria uma safra cheia.

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Foto: Pedro Silvestre

“Nós pegamos um bolsão que impedia a formação de chuva, afetando em cheio nossa lavoura, que estava em fase de crescimento vegetativo e enchimento de grãos. Agora a gente vai colocar as máquinas em campo para ver o tamanho das perdas. Mas acredito em até 20%”, afirma Bepler.

E, se engana quem pensa que os problemas pararam aí, pois as chuvas que antes faltavam, agora estão sobrando e, atrapalham a entrada das colheitadeiras em campo. Na propriedade as chuvas acumuladas já somam mais de 300 milímetros em 5 dias.

Além do atraso dos trabalhos, que pode trazer impactos para a safrinha, a umidade excessiva prejudica o avanço das máquinas no campo e pode comprometer a qualidade dos grãos.

“Pode aumentar ainda mais aquela perda prevista. Começou a chover todo dia e estamos com uma preocupação muito grande, pois fizemos contratos antecipados e as empresas estão em cima de nós, para saber se vamos entregar a quantidade de grãos. Vamos ter que pagar washout (multa por não cumprimento de contrato) que não vai ser fácil”, afirma Bepler.

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Produtor Jarlos Bepler  esperando o tempo firmar para colher a soja. Foto: Pedro Silvestre

Produtor chama vizinhos

As chuvas volumosas e constantes está causando a mesma preocupação para a colheita da soja, nos 8.300 hectares plantados pela família Schneider, no município de Porto Nacional. Nem o apoio extra dos vizinhos, com o reforço de mais colheitadeiras foi suficiente para acelerar o processo de retirada do grão.

“Temos bastante área em ponto de colheita, mas até agora não tivemos nenhum dia inteiro para trabalhar. Sempre chove e não abre o sol, dificultando a entrada na lavoura. O ritmo de colheita deveria cobrir em torno de 300 hectares por dia, mas até agora conseguimos fazer uma média de apenas 120 hectares. Ficamos muito apreensivos, pois isso atrasará a janela da safrinha e também existe a possibilidade de diminuir a qualidade dos grãos. Já colhemos cargas com mais de 29% de umidade”, relata o produtor Renato Schneider Junior.

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Produtor Renato Schneider Junior. Foto: Pedro Silvestre

Segundo outra integrante da família, Caroline Schneider Barcelos, o excesso de umidade pode trazer desafios da porteira para dentro

“Como a umidade está muito alta nós já estamos com a equipe rodando 24 horas por dia. Tivemos que investir em mais pessoas para que o armazém rodasse 24 horas para poder ter rendimento. Isso tudo eleva os gastos. Então acreditamos que teremos uma produtividade de 58 a 60 sacos como média geral. Mas com descontos de umidade”, afirma ela.

A perda de produtividade na soja, por conta do clima, é esperado em todo o estado.Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), apesar do crescimento de 5% na área plantada, o clima adverso limitou um pouco a produtividade, que deve girar agora em torno de 54 sacas por hectare na média, contra as 55,3 sacas de 2019/2020.

Produtora Caroline Schneider Barcelos. Foto: Pedro Silvestre

Ainda assim, a produção do estado pode superar a do ano passado e chegar a 3,6 milhões de toneladas.

“Nós esperávamos que como o fenômeno La Niña estando presente, não aconteceria veranicos. Mas infelizmente teve e teremos um pouco de quebra. Vai ser a melhor safra de toda a história, tem muitas áreas que o pessoal está colhendo até 75 sacas, mas tem esses bolsões de tempo seco”, afirma o presidente da Aprosoja Tocantins, Dari Fronza.

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Foto: Pedro Silvestre

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