Soja Brasil

Soja: vice-presidente da Aprosoja discorda de perdas apontadas pelo Deral-PR

Para José Sismeiro, produtor rural levará até cinco anos para recuperar prejuízos causados pela estiagem no ciclo 21/22

A estiagem provocou o replantio da soja em várias regiões do Paraná. Em Goioerê, interior do estado, até quem refez o trabalho continua sofrendo com a escassez de chuva. O produtor rural Eduardo Costa Cassiano traz o relato de uma propriedade do município.

“As lavouras sofreram muito com as secas. Foi um ano [2021] extremamente seco. Segundo os dados, foi a pior seca dos últmos 90 anos no estado do Paraná”, conta. De acodo com ele, a instalação da lavoura se deu na fazenda em 23 de outubro e, logo em seguida, sofreu uma grande quantidade de chuva com granizo. “A soja teve de ser replantada no dia 4 de novembro. Durante esse período até agora, ela recebeu apenas 50 milímetros de chuva”, conta.

Perdas na soja

Conforme o Departamento de Economia Rural (Deral), a estiagem deve reduzir a produção de soja no Paraná em 35%, ou seja, o estado deve colher oito milhões de toneladas a menos do que o inicialmente previsto. No entanto, o vice-presidente da Aprosoja Brasil, José Sismeiro, que mora no estado, discorda dos números. “Acreditamos que as perdas vão ser maiores do que essas. Tem produtores que tiveram perda de 100% e não passaram nem a máquina, enquanto outros passaram e colheram 10 sacas por hectare […]. A colheita já começou no Paraná e o que foi colhido até o momento não é ruim, é péssimo, é horrível”, conta.

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Foto: Romilson D’Avila

Segundo ele, o panorama negativo se estende para o Rio Grande do Sul, parte de Santa Catarina, de São Paulo, Mato Grosso do Sul, bem como Argentina, Paraguai e Uruguai. “Estamos com um problema realmente grave e não apenas na soja, que já está instalada e não há mais o que fazer. Tivemos chuva nesse fim de semana [no Paraná], mas não adiantou para nada […]. Torcemos por condições melhores no milho safrinha, já que o último ano também foi muito ruim”, relata.

De acordo com Sismeiro, o produtor precisa começar a antever os fatos, já que a estiagem no estado, provocadaa pelo fenômeno La Niña, não é inédita. “Precisamos ter um seguro rural condizente, que possa nos pagar uma coisa justa e nos proteger porque, infelizmente, essa não vai ser a primeira vez que isso [a estiagem] vai acontecer”.

O vice-presidente da Aprosoja Brasil acredita que demorará de três a cinco anos, dependendo das próximas temporadas, para o produtor recuperar os prejuízos sofridos com a quebra de safra atual.