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Soja: produtores de MT criam estratégias de plantio para driblar aumento de custos

Agricultores ainda aguardam por maior volume de chuva na produção e concluem: elevação de preços nesta safra não permite erros

Aguardar boa umidade no solo para garantir uma germinação segura no campo é uma das estratégias adotadas pelos produtores de Mato Grosso no início de plantio da safra de soja 21/22 para evitar aumento nos custos e menor rentabilidade na lavoura.

Por enquanto, a movimentação com mais intensidade no início de semeadura da oleaginosa no estado acontece só nos pátios das empresas de sementes. A pressa é para garantir as entregas do produto dentro do prazo ideal.

“Estamos carregando em torno de 15 caminhões por dia. O ano passado foi um ano de seca e esse ano está sinalizando que vai chover normalmente e a gente sabe que clima influencia diretamente na produtividade. Semente de qualidade e um clima bom é sucesso na lavoura do produtor, e esse ano nós tivemos condições favoráveis, uma alta qualidade de colheita de sementes. Temos um padrão mínimo que a gente libera para o campo. Nada sai daqui com menos de 90% e a gente também tenta garantir um vigor mínimo que é 85% e o importante é que não perca qualidade nesse trajeto quando sai daqui para chegar na casa do produtor”, conta o gerente de Produção da Sementes Tropical, Victor Griesang.

Produtores de olho no clima

No campo, o momento é de cautela quanto ao clima para garantir uma lavoura com boa germinação. O agricultor Felipe Tonello recebeu parte do volume de semente para 40% da área dos 2.250 hectares que pretende cultivar nesta safra. Em Campo Verde, a soja está armazenada no barracão térmico, aguardando melhores índices pluviométricos para favorecer o solo, que neste ano recebeu investimentos extras de adubação em taxa variável. A expectativa do agricultor é alcançar uma média geral de produtividade em torno de 65 sacas.

“Hoje a gente vem com 60, 70 milímetros na propriedade no acúmulo geral, e isso ainda não é suficiente para quem produz soja com segurança e precisa ser mais garantido, e de que forma iremos fazer isso, garantindo que o solo tenha uma umidade efetiva para que venha a ter essa germinação. Então a gente espera que tenha seus 100, 150 milímetros de acúmulo de chuva geral. O insumo subiu muito mais do que as commodities vêm sendo praticadas na venda, então precisamos ter um pouco de paciência. Como temos um risco nisso tudo e um custo mais elevado, não podemos perder e o índice de assertividade precisa ser garantido”, conta Tonello.

Na região de Primavera do Leste, que nesta safra 21/22 deve cultivar mais de um milhão e meio de hectares de soja com estimativa de 60 sacas por hectare, as plantadeiras foram para o campo na primeira semana da abertura do plantio, mas a baixa ocorrência de chuvas e as altas temperaturas disponibilizaram pouca umidade para o cultivo de algumas áreas com pivôs e sequeiro até o momento.

“Só teve pequenas áreas que choveu acima dos 100 milímetros e já faz nove dias hoje que não chove mais, com temperatura alta e sensação térmica acima de 40 graus. O pessoal plantou um pouquinho e parou, muito pouca coisa foi plantado. O ano passado ela [a chuva] judiou muito com atraso de até 30 dias no plantio da soja e também lá na janela do milho a gente teve uma janela apertada, então a expectativa do agricultor esse ano é que essa chuva chegue mais cedo e a gente termine de plantar mais cedo”, diz o presidente do Sindicato Rural de Primavera do Leste, Marcos Bravin.

“[Por causa dos] custos muito elevados nós temos que produzir bastante para poder cobrir. Nós da agricultura não conseguimos sobreviver com uma safra só, precisamos das duas safras para ter o equilíbrio, ou seja, tem que chover cedo para a gente plantar cedo e colher dentro de uma janela boa para plantar o milho”, explica o agricultor Thomas Pascoal.

Estimativas de soja para Mato Grosso

Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), nesta safra de soja 21/22, Mato Grosso deve cultivar uma área de 10,8 milhões de hectares, 3,6% a mais que a safra passada, e a produção prevista é de 37,4 milhões de toneladas, alta de 3,7 % frente ao ano passado.

“Os custos foram para a altura, estão bem altos e a gente não pode errar esse ano. Pelo menos a campo vamos ter que fazer um bom trabalho para aproveitar esta oportunidade que estão os preços”, diz o presidente do Sindicato Rural Nova Mutum, Paulo André Zen.