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Silagem de trigo para gado leiteiro pode ajudar a equilibrar custos de produção

Agricultor de Santa Catarina rotaciona cereais e implementa na ração; pesquisador da Embrapa avalia cenário de 2022 para o setor

Sempre alerta com os custos de produção, o produtor Valdir da Cruz, sob supervisão da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), há três anos investe na produção de trigo para silagem voltada à alimentação de gado leiteiro.

Foto: Jaelson Lucas/AEN

Durante esse tempo, ele colheu 35 toneladas por hectare do cereal, aproveitando, assim, o inverno para complementar a safra. Segundo o extensionista rural Murilo Mota, a principal vantagem do método é fazer a rotação de culturas, abrindo mão do cultivo de duas safras de milho consecutivas.

“Assim, pode se fazer uma safra de milho no plantio preferencial, entre final de setembro e outubro, com potencial mais alto e aí faz essa safra cheia e mais uma safra de trigo e a soma dessas duas produções pode ser muito mais alta do que duas safras de milho consecutivas”, explica.

De acordo com ele, do ponto de vista nutricional para o gado leiteiro, há uma pequena diferença, mas é possível trabalhar sem perdas, visto que a silagem é uma complementação da alimentação.

Segundo a estudante de zootecnia Natália da Cruz, quando há mudança na silagem de trigo, também modifica-se a formulação da ração para o complemento nutricional necessário à alimentação das vacas.

Custos de produção

Os custos de produção da pecuária leiteira tiveram forte elevação em 2021 impulsionados pela elevação dos preços dos fertilizantes no país. Segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Glauco Carvalho, o recuo dos valores pagos pelo leite também foram sentidos pelo produtor.

De acordo com ele, esse cenário tem feito o produtor buscar alternativas, como a eliminação de animais menos produtivos e buscando aumentar a sua eficiência. “Temos preços de arroba de boi com uma valorização importante. É uma oportunidade de fazer uma receita com a venda de animais e, obviamente, comprando bem, buscando comprar insumos em conjunto, em volumes maiores para conseguir abaixar custos. Os produtores que estão sentindo mais [a elevação dos custos] são os menores por conta da diferenciação de preços por volume”, destaca.

Carvalho alerta que os custos elevados vão, certamente, interferir nos índices de produção. “Se o produtor cortar custos que afetem a sua produtividade, piora sua eficiência. Então ele precisa tentar melhorar a produtividade de suas vacas, da mão de obra e da terra porque esse é o caminho para conseguir produzir com um custo mais baixo.