Produtores de banana de Miracatu (SP) temem que novo Código Florestal prejudique o setor

Cultivo da fruta ocorre principalmente nas encostasProdutores de banana de Miracatu, no Vale do Ribeira, no interior de São Paulo, acompanham com apreensão os debates em torno do Código Florestal no Senado. Quase todos cultivam a fruta em encostas, que são consideradas Áreas de Preservação Permanente (APP). Segundo os bananicultores, as perdas seriam irreversíveis se a cultura não for consolidada.

O produtor Celso Ferreira é um exemplo de quem vive esta situação. Ele produz bananas há mais de 50 anos e colhe, em média, 70 toneladas por mês em 80 mil pés da fruta. A votação do Código Florestal pode decidir o destino dele.

? Estou preocupado porque a minha plantação fica na encosta e tudo que estão exigindo no novo Código pode prejudicar nosso trabalho ? diz Ferreira

Segundo a Associação dos Bananicultores de Miracatu, quase todos os produtores do município estão nesta situação. Eles esperam que o novo Código Florestal permita que a atividade se mantenha, pois ela é importante não só para a economia de Miracatu, mas também para todo o Vale do Ribeira.

O município é o segundo maior produtor de bananas da região, com 98 mil e 700 toneladas por ano. Segundo o presidente da Associação de Bananicultores, Isnaldo Lima da Costa Júnior, a economia da cidade gira em torno da bananicultura e não consolidar a atividade nas APPs traria perdas irreparáveis.

? A curto, médio e longo prazo nós não temos alternativa para recuperar essas perdas econômicas para o município. A gente espera que essa situação se resolva e que o produtor continue produzindo com tranquilidade e gerando renda para a nossa cidade ? afirma Júnior.

O texto do senador Jorge Viana, que deve ser votado no Plenário do Senado até a próxima semana, prevê a manutenção do plantio em encostas de culturas perenes, lenhosas e de ciclo longo, o que inclui a banana.

? Espero que eles entendam a dificuldade do produtor que trabalha e não sobram muitos recursos. Aqui na região de Miracatu, toda a economia depende da banana. Então, temos que humanizar isso ? afirma Ferreira.

O produtor ainda vive outra situação de cultivo em APPs. Uma parte do bananal dele está na beira de um riacho e o leito chega a três metros de largura. Pelo texto em votação no Senado, devem ser recuperados 15 metros de mata ciliar. Entretanto, em propriedades como a Ferreira, com até quatro módulos fiscais, a restauração não pode exceder o limite de reserva legal, que não região é de 20% da área, mesmo que isso signifique recuperar menos de 15 metros de mata ciliar.

? Quanto menos, melhor. Se atingir uma faixa de 15 metros, já pega mais da metade do meu bananal. Vamos ser prejudicados ? diz Ferreira.

O presidente da Associação de Bananicultores enfatiza que meio ambiente deve ser preservado:

? Nossa ideia não é prejudicar o meio ambiente. A palavra hoje é sustentabilidade. Então, temos que discutir com todas as pessoas envolvidas pra gente chegar a um denominador que seja bom tanto para o produtor quanto para o meio ambiente ? diz Júnior.

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