Agro da Nigéria ainda está no time de acesso, mas seleção tem belo currículo

Com dois terços da força de trabalho no campo, país africano carece de tecnologias, insumos e crédito agrícola; no outro campo, as Super Águias mostram boa coleção de títulos e participações

Fonte: Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)

A democracia na Nigéria é bastante recente. Após sua independência dos britânicos, em 1960, o país viveu entre golpes de Estado e regime militar por 38 anos. Foi aos 45 minutos do segundo milênio que as coisas começaram a mudar: em 1999, uma nova constituição foi adotada e a transição para o governo civil, concluída.

Apesar de o petróleo ainda ser muito importante para a economia local, a agricultura permanece sendo a principal fonte de sustento de sua imensa população, que já ultrapassa 190 milhões de habitantes e ocupa um território de 923 mil quilômetros quadrados. Para ficar mais fácil entender essa densidade populacional, tente imaginar 91% dos brasileiros vivendo em uma área pouco maior do que a de Mato Grosso (903 mil km²).

As terras aráveis representam 37,3% da Nigéria. Somadas à área de pastagens (33,3%) e de culturas permanentes (7,4%), é possível dizer que 78% do país é ocupado pela atividade agropecuária.

O agro emprega dois terços de toda a força de trabalho do país, mas o setor vem sendo sufocado por vários problemas. “Notadamente, um sistema obsoleto de posse da terra, que restringe a posse (1,8 hectare); um nível muito baixo de irrigação (menos de 1% das terras cultivadas); adoção limitada de resultados de pesquisa e tecnologias; alto custo dos insumos agrícolas; acesso deficiente ao crédito; aquisição e distribuição ineficiente de fertilizantes; instalações de armazenamento inadequadas e acesso inadequado aos mercados”, informa a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em publicação.

Nos últimos 20 anos, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita cresceu menos de 1% ao ano. A produção de alimentos não acompanhou o crescimento populacional, obrigando a Nigéria a elevar importações, o que comprometeu seus índices de autossuficiência, aponta a FAO.

A Nigéria é o principal consumidor de arroz da África. É, simultaneamente, um dos grandes produtores do cereal no continente e um dos maiores importadores do planeta. A cultura é bastante significativa na economia, já que os pequenos produtores são responsáveis por 80% da produção nacional.

O país é também o maior produtor global de mandioca  com cerca de 50 milhões de toneladas anuais de uma área cultivada de cerca de 3,7 milhões de hectares – o que representa 20% do total mundial. Esse volume é praticamente todo destinado ao consumo familiar e venda local. As plantações comerciais de grande escala são raras.

O produto agropecuário nigeriano mais importado pelo Brasil é a ureia, totalizando US$ 97,6 milhões em 2017. Muito atrás vêm as peles depiladas de ovinos, curtidas ao sal de cromo (o chamado couro Wet Blue), que movimentam pouco mais de US$ 616 mil. Enquanto isso, exportamos 1,37 milhão de toneladas de açúcar, gerando receita de US$ 548,6 milhões.

No outro campo

Quando o assunto é futebol, a Nigéria possui um currículo interessante para uma seleção de seu porte: seis participações em Copas do Mundo, três taças na Copa das Nações Africanas e medalha de ouro na Olimpíada de 1996, nos Estados Unidos, com destaque para as vitórias sobre Brasil (na semifinal) e Argentina (na disputa pelo título).

A seleção nigeriana chega à Rússia como o primeiro país africano classificado para a competição. No grupo com Zâmbia, Angola e Argélia, as Super Águias (como é chamada a seleção) ficaram com 13 pontos – quatro vitórias, um empate e uma derrota.

O peso da camisa está sobre o capitão John Obi Mikel. Campeão da UEFA Champions League pelo time inglês Chelsea, ele será determinante para o meio de campo da equipe. Outros nomes que podem surpreender na Copa são Victor Moses, Odion Ighalo e Alex Iwobi.