Agroconsult: exportação de milho deve 'estressar' portos em agosto

Em agosto, embarques de milho e soja são estimados em 9,4 milhões de toneladasO diretor da Agroconsult, André Pessôa, disse que as exportações brasileiras de milho devem congestionar os portos no segundo semestre. Em palestra no Seminário Perspectivas para o Agribusiness 2015 e 2016, promovido pela BM&FBovespa em São Paulo, Pessôa estimou embarques de 27,1 milhões de toneladas este ano - mais cedo havia dito a jornalistas que o volume ultrapassaria os 26 milhões de toneladas.

Fonte: Divulgação: GOV SP

Ele prevê um “estresse” nos sistemas de escoamento disponíveis no país com embarques estimados de 9,4 milhões de toneladas de milho e soja em agosto. Ainda assim, não acredita que a infraestrutura e a logística serão “limitantes” para que o país embarque “27,1 milhões de toneladas até o fim do ano”.  “A questão é se teremos compradores suficientes no mercado internacional para o volume de milho que queremos exportar”, pondera.

A Agroconsult irá divulgar nova estimativa para a safrinha de milho em 2015 no dia 24 de junho e a perspectiva é de que a consultoria eleve sua projeção, afirmou André Souto Maior Pessôa. A estimativa mais recente da consultoria aponta para produção de 52,5 milhões de toneladas na segunda safra de milho. A perspectiva de elevação dessa projeção se deve, principalmente, ao clima extremamente favorável ao desenvolvimento das lavouras, com chuvas consideráveis durante o mês de maio. “Isso considerando que não houve grande alteração na área plantada e sem um investimento robusto em tecnologia, já tivemos safrinhas com recursos maiores”, afirmou Pessôa. “No Paraná e em Goiás, encontramos produtores com rendimentos de até 150 sacas por hectare, que se compara à safra de verão”, revelou.

Dessa forma, somando as cerca de 30 milhões de toneladas produzidas na primeira safra, “a safra total de milho deve superar 80 milhões de toneladas produzidas no ano passado e alcançar 83 milhões de toneladas ou até mais”, disse.

Demanda

Além da maior produção, Pessôa prevê uma maior demanda, tanto interna quanto externa, pelo cereal cultivado no Brasil. As exportações, segundo ele, “seguramente serão recordes, e os embarques podem alcançar 26 milhões de tonelada”.

Além disso, como houve uma redução da safra de verão deste ano, Pessôa estimou que a demanda interna pelo milho de safrinha nos Estados do Sul e Sudeste deve crescer. “Os setores de aves e suínos estão crescendo, assim como o confinamento e o setor de leite”, comentou, “e assim a demanda deve crescer de 2 milhões a 2,5 milhões de toneladas”

Preço mínimo

Pessôa prevê que, em algumas regiões, em especial no norte de Mato Grosso, os preços podem ficar abaixo do mínimo estipulado pelo governo. Questionado se o governo pode intervir no mercado do milho para garantir o preço mínimo aos produtores, o diretor da Agroconsult afirmou que há a possibilidade de intervenção, principalmente por meio de leilões Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) ou Prêmio para Escoamento de Produto (PEP). Ele, entretanto, não descartou a possibilidade de aquisições do governo federal. “Há espaço para isso (aquisição), porque pode haver a necessidade de transferir os estoques para o Sul, onde a safra foi menor.”