Irã convoca embaixador do Brasil para explicar apoio aos EUA Paste this at the end of the tag in your AMP page, but only if missing and only once.

Milho

Irã convoca embaixador do Brasil para explicar apoio aos EUA

Para o agronegócio, a tensão pode trazer problemas para o milho, já que o país árabe é o segundo maior importador do produto brasileiro

exportação de milho irã
De acordo com diretor da Anec, caso o país pare de comprar a produção, “não teríamos o que fazer com ela”. Foto: Cláudio Neves/APPA

O Ministério das Relações Exteriores do Irã convocou os representantes diplomáticos brasileiros em Teerã a comparecerem à chancelaria para explicar o teor da nota divulgada na sexta-feira, 3. À época, o Itamaraty se manifestou sobre o bombardeio dos Estados Unidos em território iraquiano, que matou o general iraniano Qassem Soleimani e ao menos mais seis pessoas.

Segundo o Itamaraty, na ausência do embaixador Rodrigo Azeredo, que está de férias, a convocação foi atendida pela encarregada de Negócios do Brasil em Teerã, Maria Cristina Lopes. “Informamos que a Encarregada de Negócios do Brasil em Teerã, assim como representantes de países que se manifestaram sobre os acontecimentos em Bagdá, foram convocados pela chancelaria iraniana”, informou a pasta, em nota, sem detalhar que outras nações tiveram seus representantes convocados.

Na semana passada, o governo iraniano já havia convocado o embaixador da Suíça, que representa os interesses dos EUA no Irã, a se explicar sobre as ameaças que o presidente norte-americano, Donald Trump, fez logo após o ataque ao Iraque.

O Itamaraty também não revelou o teor da conversa, afirmando que trata-se de assunto reservado. “A conversa, cujo teor é reservado, e não será comentado pelo Itamaraty, transcorreu com cordialidade, dentro da usual prática diplomática”, acrescentou o Ministério das Relações Exteriores do Brasil.

Como isso afeta o agro?

De acordo com as Estatísticas de Comercio Exterior do Agronegócio Brasileiro (Agrostat), no acumulado de 2019 até novembro, dado mais recente de exportação por país, o Irã foi o segundo maior comprador de milho brasileiro, com 5,1 milhões de toneladas, atrás apenas do Japão. Em 2018, o país foi o maior importador de milho produzido por aqui, com 6,3 milhões de toneladas.

O diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes, afirma que embora o comércio de alimentos esteja livre de sanções, caso haja restrições dos EUA, a transações bancárias de câmbio da moeda iraniana para o dólar exportadores brasileiros podem ter problemas em receber o pagamento referente aos embarques de milho.

O representante da Anec destacou ainda que o Irã é um grande consumidor de milho porque produz carne frango para consumo interno. O Irã também compra soja brasileira, mas não está entre os maiores destinos.

Caso o Brasil tenha de fato mais dificuldade em exportar para o Irã, parte do milho brasileiro pode ser redirecionada a outros destinos no exterior ou ficar no mercado interno. “O que preocupa é o milho. Na medida que milho alterna com a soja [no sistema de exportação brasileiro], e o Irã é um destino tão importante, não teria o que fazer com esse milho. Vai complicar a nossa vida”, avaliou.

O que dizia a nota?

Na nota divulgada na semana passada, o governo brasileiro manifesta seu apoio “à luta contra o flagelo do terrorismo” e afirma estar “pronto a participar de esforços internacionais que contribuam para evitar uma escalada de conflitos neste momento”, não podendo “permanecer indiferente à ameaça [do terrorismo], que afeta inclusive a América do Sul”.

O Itamaraty divulgou sua nota um dia após a ação ordenada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter matado Qassem Soleimani, principal general iraniano e considerado por muitos analistas como o segundo homem mais poderoso do governo iraniano. O ataque ocorreu nas proximidades do Aeroporto de Bagdá, capital do Iraque.

Sair da versão mobile