O rebanho bovino do Brasil possui mais de 200 milhões de animais. Hoje, o país é o maior exportador da carne bovina do mundo. Essa posição de destaque no mercado mundial foi conquistada graças ao trabalho de pecuaristas que revolucionaram a criação brasileira nas últimas duas décadas.
Grandes e pequenos criadores ajudaram a construir a história vitoriosa da pecuária brasileira. Alguns fizeram de seu nome uma marca de sucesso. Outros trouxeram do berço o gosto pela pecuária. Mas todos são apaixonados pelo que fazem. O criador Carlos Viacava, de 75 anos, guarda, em um escritório em Paulínia, no interior de São Paulo, um pedaço da pecuária brasileira na forma de troféus conquistados por seus animais em exposições.
Viacava começou com o negócio há 30 anos e foi um dos pioneiros na criação de nelore mocho no país, apostando no marketing para expandir seus negócios. “Criamos o clube do mocho, com o slogan ‘é bom porque é nelore, é melhor porque é mocho’ ”, relembra ele. “O animal não tem chifre, não machuca os outros e cabe mais no caminhão.”
Já um outro pecuarista experiente, Valcírio Hasckel, de Bragança Paulista, ao perceber que o mercado de leite não estava rentabilizando minimamente, apostou em uma mudança de atividade. A coisa deu certo e, hoje ele tem 400 animais no plantel. “Migrei para o gado de corte, porque o leite estava muito desvalorizado. Aquele mercado variava muito, hora bom e outra ruim. Por opção, por facilidade e por gostar, acabei indo para o corte”, afirma ele.
Hasckel relembra histórias que, apesar de não terem saído conforme o previsto, acabaram sendo positivas, como alguns bois que de tão mansos deixaram de ser itens de produção. “Tinham uns animais extremamente mansos, que nos deixavam fazer carinho, deitavam a cabeça em nosso colo. Estes bois acabaram ficando, morreram de velho. Ficaram gigantes, parte da família”, diverte-se o produtor ao contar. “Um era o Cafuné, o outro era Lambe-lambe e também tinha o Grandão.”
Gado manso é resultado do melhoramento genético, especialidade de Viacava. Com a experiência de quem administra um rebanho de 6 mil animais, o criador está de olho no futuro e aposta no sucesso da integração lavoura-pecuária floresta. “Plantamos a soja, colhemos e semeamos o milho junto com a braquiária. Depois colhe o milho e o pasto já está formado. São mais três meses de pasto de inverno, que é a época que mais precisamos dele”, frisa.
Independentemente das novidades que o futuro reserva, de uma coisa eles sabem: a vida segue junto com a boiada. Segundo Viacava, não foi fácil vencer na atividade durante estes 20 anos e ressalta o valor do apoio do Canal Rural nesta empreitada. “O Brasil precisava de um veículo de comunicação como o Canal Rural. A agricultura precisava. Hoje, são uma referência de informações e de tudo que está ligado ao agronegócio. Ele entrou em cena na hora certa. Espero que continue porque a hora certa vai ter que continuar por muito tempo”, diz Viacava.