Milho: chuva atrasa e São Paulo já espera perda de 10% na produtividade da primeira safra

Agricultor paulista calcula prejuízo na produção de verão e ainda não sabe se vai fazer a segunda safra 

Fonte: Sadi Secco/divulgação

O plantio do milho primeira safra está atrasado no Centro-Sul do Brasil, principalmente em função da falta de chuvas. Em São Paulo, os produtores já estimam perdas acima de 10% em função da pouca umidade.

Para não plantar no pó,  do município paulista de Tietê, só choveu 60 milímetros em outubro, metade do esperado. Ali, o agricultor José Carlos Pizol continua à espera de mais umidade, preferindo não plantar no pó. A ideia era implantar a lavoura de soja, mas, como a janela de plantio da leguminosa é mais apertada, ele vai semear a área com milho, quando o clima colaborar. “A safra já está prejudicada, e a segunda vai ficar atrasada. Vamos ver se vamos fazer”, diz.
 
O problema relatado pelo produtor paulista se repete em todo o Sudeste, no Sul e no Centro-Oeste. No ano passado, a esta altura, 60% do milho verão já havia sido semeado. Neste ano, mesmo com a redução de área cultivada, o plantio está em 51% do previsto, segundo a consultoria Safras & Mercado. Os estados que têm maior atraso são Mato Grosso, com somente 1% da área semeada; Mato Grosso do Sul, com 5%; Goiás, com 8%; e Minas Gerais, com 15% da área prevista plantada.
 
Uma outra área da propriedade de José Carlos Pizol foi semeada com milho no início de outubro, mesmo sem umidade no solo. As plantas ali sofrem muito com a secura – os pés estão murchos, as folhas, caídas. O produtor sabe que nessa área será impossível colher as 140 sacas por hectare a que está acostumado. “Hoje, eu já ficaria contente se produzir só 10% menos”, diz.

As plantas também estão mais suscetíveis ao ataque de pragas. O milho Bt deveria resistir às lagartas, mas está sendo atacado pelos insetos. O engenheiro agrônomo da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) Antônio Carlos Nicolosi de Faria diz que não há muito o que fazer além de esperar pela chuva nas propriedades sem irrigação. A única coisa que pode ajudar é o manejo correto do solo.

Segundo Faria, as áreas onde é feito o plantio direto tem uma certa proteção, já que contam com a palhada sobre o solo. “Mas onde vc não tem uma boa palhada a situação é mais complicada, com perdas maiores”.