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Milho: empresas descumprem contratos de compra antecipada em Mato Grosso

Agricultores registram prejuízos com atrasos na retirada dos grãos e até rompimento de contrato

Produtores de milho em Mato Grosso registram inúmeros prejuízos com o descumprimento de contratos de compra antecipada do grão por parte de algumas empresas.

Além do atraso na retirada do cereal das propriedades, contratos estão sendo rompidos.

Casos de falta de comprometimento de algumas empresas que compraram milho no primeiro semestre de 2022 foram registrados em Jaciara, região Sudeste do estado.

Parte do milho armazenado hoje na propriedade do agricultor Gabriel Berwanger já deveria ter sido retirada do local. Três mil toneladas do cereal comercializadas ainda no primeiro semestre deste ano para uma empresa teve o contrato cancelado.

“Foi vendido a 83, aí no momento que foi embarcar o contrato o mercado deu uma recuada. Em torno de R$ 10. Isso fez com que a empresa não quisesse mais honrar o compromisso de carregar o grão e falaram que não iria embarcar mais e que iria ficar por isso, que a gente procurasse o nosso direito”, diz.

Para Berwanger para mudar o cenário vivido hoje por ele e outros produtores é necessária mais segurança jurídica nos contratos.

“Contratos que dão garantia da retirada, do preço a ser pago, para dar uma maior segurança jurídica para o produtor rural. Os contratos hoje não têm garantia e não tem segurança nenhuma”, afirma.

Transtornos durante a colheita

O atraso na retirada do milho das propriedades e/ou o cancelamento dos contratos provocaram transtornos na armazenagem da safra, além de gastos que não estavam previstos no orçamento dos agricultores.

Metade das 40 mil sacas vendidas antecipadamente pelo agricultor Giovanni Fritsch ainda está guardada nos armazéns da propriedade, também localizada em Jaciara. De acordo com ele, o produto deveria ter sido retirado pela empresa que o comprou há mais de dois meses.

“Os caras não carregam o seu produto, não te paga e você fica aí de mãos amarradas. Os contratos que você vendeu barato foi tudo embora, os contratos que você vendeu com preço um pouquinho acima do mercado está aí dentro ainda. Tenho certeza que não é só eu aqui no Mato Grosso. Milhares e milhares de agricultores aqui no Mato Grosso estão na mesma situação minha”, diz Fritsch.

Situação é recorrente

A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) afirma que é necessária cautela dos produtores na hora da comercialização antecipada da produção, uma vez que toda vez que há um declínio de preço acentuado ou abrupto ele se depara com tal situação.

O remédio para evitar dor de cabeça, de acordo com o presidente da Aprosoja-MT, Fernando Cadore, é procurar negociar com empresas que tenham um histórico conceituado e, principalmente, “não apostar todas as fichas” numa única.

“Às vezes a ilusão de R$ 1, R$ 2 a mais faz o produtor sair de uma empresa que já tem anos de mercado para se aventurar em novos horizontes, principalmente com esse atrativo de achar que essa valorização no momento pode se concretizar”, afirma Cadore.