Milho

Milho excedente nos EUA pode complicar exportações brasileiras, diz Anec

Expectativa é que embarques do cereal ganhem ritmo no segundo semestre, e que Brasil exporte mais de 31 milhões de toneladas em 2020

O excedente de oferta de milho nos Estados Unidos em 2020 é mais um fator que deve ser observado pelos exportadores brasileiros, afirma o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes. Em abril, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reduziu em quase 10 milhões de toneladas o volume de milho destinado à produção de etanol no país.

Com isso, a quantia recuou de 137,8 milhões para 128,28 milhões de toneladas. A retração é decorrente da forte desvalorização nos preços do petróleo e também da menor utilização de combustíveis pelos norte-americanos, devido à pandemia do novo coronavírus.

“Esse volume adicional, que pode chegar a 20 milhões ou 30 milhões de toneladas de milho, vai trazer algum tipo de complicação para nós. Mas ainda não sabemos mensurar, é um cenário que terá que ser acompanhado mais adiante”, destaca o presidente da Anec.

Até o momento, as exportações de milho do Brasil seguem em ritmo mais lento do que o observado em 2019. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicam que em janeiro, o país embarcou 2,29 milhões de toneladas de milho; em fevereiro, o volume ficou em 346,4 mil toneladas; e, em março, a quantidade exportada foi de 5,7 mil toneladas.

No ano passado, os números ficaram em 3,86 milhões de toneladas, 1,59 milhão de toneladas e 826,7 mil toneladas, respectivamente.

“Ano passado tivemos um ano atípico, por isso, essa diferença. Em 2019, tivemos uma antecipação da safra brasileira e os EUA registraram problemas na produção devido às irregularidades climáticas. Consequentemente, o Brasil alcançou o recorde de exportação de milho, de 41 milhões de toneladas”, afirma Mendes.

A expectativa é que, em 2020, as exportações brasileiras de milho voltem a se concentrar no segundo semestre e o volume supere 31 milhões de toneladas embarcadas. O consultor de mercado  Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, ainda reforça que neste momento a logística brasileira está voltada para as exportações da soja, que seguem aquecidas.

“Acreditamos que ainda vamos exportar muito milho, mas abaixo dos últimos dois anos. Já temos muitos contratos programados para agosto em diante”, diz o consultor de mercado.