Falar sobre a história de Luiz Anisio Bortoluzzi é o mesmo que fazer uma retrospectiva do agronegócio brasileiro nas últimas quatro décadas. Ele chegou em 1976 ao cerrado brasileiro, em uma época difícil para os agricultores que migravam do Sul. Trocou um estável emprego no serviço público para perseguir um sonho que nutria desde criança, no Paraná, tempo em que os pais eram agricultores familiares.
“Eu desejava um dia ter 500 hectares para produzir alimentos em grande escala. Quando iniciou a abertura no cerrado, achei que era hora de arriscar. Saí do Paraná em um Fusca rumo a Mato Grosso”, conta.
Quarenta e dois anos depois, Luiz Anisio, junto com os três filhos, que se tornaram engenheiros agrônomos, batem recorde de produtividade a cada safra de milho. A família tem duas propriedades, uma em Campos de Júlio (MT), outra em São Gabriel do Oeste (MS). Visitamos esta última durante a colheita da soja e o plantio da safrinha de milho.
O filho mais novo, Ricardo Bortoluzzi, responsável por administrar as novas tecnologias à disposição hoje no campo, diz que a escolha dos híbridos é fundamental para o resultado positivo na lavoura. “Nossa média passou de 105 sacas por hectare para 125 sacas e finalmente 148 sacas por hectare”, constata.
Outro fator apontado como fundamental são as áreas da fazenda que servem para pesquisa. Algumas empresas do setor utilizam talhões para testar novos híbridos.
O MILHO
Os Bortoluzzi começaram a plantar milho em 1994, após alguns anos abandonaram a cultura e só mais tarde voltaram a produzir o grão. Dois motivos explicam essa retomada: o milho passou a ser mais rentável e também ganhou um espaço que não tinha.
“Com as cultivares mais precoces de soja, foi possível antecipar o plantio do milho. A janela agora possibilita isso. A safrinha acabou virando safrona e valendo a pena para os produtores rurais do cerrado”, afirma Luiz Anisio Bortoluzzi, o pioneiro que ajudou a construir a história da agricultura brasileira.