O preço do milho na segunda safra deverá ser mais alto, segundo analistas. A equipe do Projeto Mais Milho conversou com consultores para responder a pergunta do telespectador do Canal Rural Jefferson Quintino, de Canarana (MT), que questiona como deve reagir o preço do milho safrinha se levarmos em consideração o atual mercado, crise política e atraso no plantio da soja. Confira as análises:
Ênio Fernandes – consultor de mercado da Terra Agronegócio
Segundo este consultor, teremos uma área menor de milho na segunda safra este ano, mesmo que o produtor assuma o risco e plante um pouco mais tarde. “Outro ponto a considerar é a fortíssima retração na área de verão de milho, ou seja, teremos redução da produção nas duas safras, nada catastrófico, mas o mercado sempre é extremista em suas posições. No campo político, teremos um ano completamente imprevisível, não se sabe quais serão os candidatos a sucessão presidencial, nomes como Lula ou até mesmo o Bonsonaro devem trazer muita insegurança aos mercados. Insegurança traz risco, risco traz volatilidade no dólar”, afirma.
Ele ainda ressalta que a reforma da Previdência foi completamente descartada, ou seja, dívida dos governos federal e estaduais em ritmo crescente, em resumo, um ano onde existe uma forte tendência de volatilidade cambial. Com todos estes cenários, a tendência é de muita especulação nos meses de fevereiro e março sobre o mercado do milho, onde as origens (produtores) terão bons momentos para realizar hedge contra o contrato U18 (setembro18).
Fernando Pimentel – analista de mercado da Agrosecurity
Na visão deste analista, em dezembro o mercado ainda deve seguir pressionado, pois tem muito produtor estocando e que precisar liberar espaço para a colheita da soja. “Porém, é possível ver o mercado mais firme a partir de janeiro, principalmente se chover muito até lá, o que poderia alongar ligeiramente o ciclo da soja e atrasar mais uns cinco dias a entrada do milho. Estimamos que uns 30% do milho no cerrado deve ser plantado fora do período ideal, embora isso não signifique uma perda em si, eleva o risco de insucesso da safra. Isso deve ser precificado pelo mercado já no final de dezembro nos contratos futuros de março e maio na BM&F (B3)”, conclui.
Paulo Molinari – analista da Safras & Mercado
Para Molinari, não podemos considerar o atraso do plantio da soja ainda como um grande fator de alta para o milho. “O que realmente deverá pesar na composição de preços é: o ano eleitoral, o clima durante a segunda safra, o corte de área com milho nos EUA e clima em 2018 e a conta fina entre preço de CBOT + câmbio e despesas internas ou seja preço de porto”, afirma.