Dólar fecha em leve queda com dados da inflação dos EUA

O dólar comercial fechou com leve queda de 0,07% no mercado à vista, cotado a R$ 5,0660 para venda, em sessão de forte volatilidade e amplitude, em dia de divulgação dos números da inflação nos Estados Unidos, com o dado acima do esperado, e investidores fazendo ajustes técnicos aqui e no exterior à espera das decisões de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e do Banco Central (BC) na semana que vem.

O diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, reforça que, apesar do índice de preços ao  consumidor norte-americano ficar “um pouco” acima das previsões, o resultado não deve fazer com que o Fed  antecipe a política monetária “ultra acomodatícia”.

A inflação nos Estados Unidos subiu 0,6% em maio ante abril, enquanto analistas esperavam alta de 0,5%. Para o  economista da Nova Futura Investimentos, Matheus Jaconeli, o mercado mostrou “uma certa aceitação” da política  monetária adotada pelo banco central norte-americano e teve reação limitada ao dado mais aguardado da semana.  Além de esperar por um discurso parecido com as avaliações anteriores de “inflação transitória”, apesar da pressão nos preços.

Rugik ressalta que, na segunda parte dos negócios, a moeda exibiu forte volatilidade e operou sem direção única,  refletindo um fluxo levemente negativo em meio à liquidez reduzida no mercado local. “Perto do encerramento, o  dólar voltou a perder valor em linha com as moedas [de países] emergentes”, diz.

Jaconeli acrescenta que no cenário doméstico, investidores começam a fazer ajustes à espera da reunião do Comitê  de Política Monetária (Copom) do BC. “Caso o Banco Central eleve a taxa Selic em 0,75 ponto percentual [a taxa passará para 4,25% ao ano], deverá ter um movimento de entrada de dólares. O mercado parece se antecipar para  isso”, comenta.

Sobre a Selic, a equipe econômica do Itaú avalia que a elevação da taxa de juros e a força dos preços de commodities, somados ao crescimento maior e à redução no prêmio de risco resultante da melhora de dinâmica da dívida pública, começam a se refletir em fluxos comerciais e financeiros mais favoráveis, abrindo espaço para a apreciação da  moeda. No segundo trimestre, o dólar acumula desvalorização de 10%.

Amanhã, com a agenda esvaziada de indicadores econômicos, o destaque fica para os dados do setor de serviços, em  abril. O indicador fecha os números da atividade doméstica e corroboram para desenhar um cenário geral da economia no início do segundo trimestre.

“Em abril, a gente viu as medidas de isolamento social [por conta da covid-19] sendo relaxadas. Após o resultado do  comércio [acima do esperado], o mercado ficará atento a esse resultado”, finaliza o economista da Nova Futura,  acrescentando que a sessão deverá ter viés de lateralidade, com os mercados à espera das reuniões do Fed e do  Copom na semana que vem.

Por Agência Safras